Ter os belgas do Amenra em terras brasileiras foi um susto para todo mundo. Infelizmente, todo mundo que tomou esse susto compareceu ao Solar de Botafogo, no Rio de Janeiro, para acompanhar a passagem dessa banda única por terras guanabaras. O ato de abertura não poderia ser melhor e mais charmoso: os paulistas do Labirinto.

O Labirinto já é banda conhecida por aqui, mas isso não quer dizer que não consigam ainda nos surpreender. Trazendo a divulgação do seu último álbum, o pesado e agressivo “Divino Afflante Spiritu”, a banda surpreendeu com muitas músicas com vocais, elemento raro na carreira da banda. Todas as camadas que o guitarrista Erick fazia se encaixavam ótimamente na míriade de efeitos, timbres e camadas que a banda se prestava a inserir. Ao fim do show, na música “Divino Afflante Spiritu”, muitos tambores no palco sendo tocado por muitos integrantes, todos sendo guiados pela baterista Muriel.

O show ser num teatro é um fato especial, pois trouxe uma intimidade ao show do Amenra que poucas vezes foi presenciada por esse que vos fala. Nem um problema ao começo do show foi capaz de tirar toda a grandeza do que esses belgas fazem no palco. É um show intenso, sem diálogo, mas que consegue falar muito. Com ares de missa, o vocalista Erick entra ao palco e mostra que a imagem é só uma construção, cantando basicamente o show todo de costas para o público.

O show foi bem focado no último álbum, o ótimo “Mass VI”. Músicas como “Plus Prés de Toi” e “A Solitary Reign” foram bem celebradas pelo público e tem a cara do som que o Amenra faz: a mistura exótica do Hardcore com o Doom Metal levado ao extremo, mas músicas mais antigas como “Razoreater” e “Nowena” resgataram uma banda mais visceral e agressiva. O público só teve a agradecer, pois o show com poucas músicas (muitas ultrapassam os dez minutos), foi intenso e passeou por toda a carreira da banda. A apresentação foi encerrada com a intensa “Diaken” e com muitos dos ouvidos totalmente destruídos pela altura do show.

O Amenra é uma banda impactante e deve ser vista ao menos uma vez ao vivo para quem gosta da música pesada, de fato. Sem luz, apenas projeções, sem contato direto com o público, som alto e intensidade. E bota intensidade nisso. Vai ser difícil algum show no Rio de Janeiro, este ano, bater os belgas.