Após ter iniciado a turnê em março na cidade, Maria Rita trouxe de volta ao Rio de Janeiro a turnê “Amor e Música”, batizada após seu mais recente álbum de estúdio. Contando com compositores de peso como Moraes Moreira, Zeca Pagodinho, Davi Moraes, Carlinhos Brown e Arlindo Cruz entre outros, o disco é mais uma página na história da cantora com o samba, dessa vez mais ligada ao samba de raiz e com uma percussão de influências mais africanas.

O Km de Vantagens Hall recebeu a cantora nessa segunda passagem – e recebeu calorosamente, desde que as cortinas se abriram para revelar Maria Rita vestida de dourado e banda à frente de um belo mosaico ao fundo, com representações de São Jorge, Iemanjá e Obá, referenciados em algumas canções da apresentação. O público animado grita elogios e levanta as mãos em coreografia durante “Num corpo só”. Logo depois, a intérprete cumprimenta a plateia, agradecendo a casa cheia apesar do momento difícil para a cidade do Rio de Janeiro, onde também mora. Mencionando os “discursos estranhos”, tentativas de boicote ao carnaval e cancelamentos de shows, Maria Rita afirma que “Isso não é a gente” e também lembra que a responsabilidade do artista em cima do palco vai além do microfone.

Seguindo o show, há um momento especial envolvendo três canções: durante “Nem Por um Segundo”, cuja letra faz referência a São Jorge, há um feixe de luz apenas sobre a ilustração do santo guerreiro ao fundo e sobre a cantora, de forma muito solene. Em “Cadê Obá”, a intérprete canta debaixo da respectiva imagem e acrescenta à canção uma animada releitura de “Quando a Gira Girou”, de Zeca Pagodinho. Por fim, retorna ao meio do palco, frente à figura de Iemanjá e vestida com uma saia azul, para entoar “Reza” acompanhada da plateia.

Depois de emocionar cantando “O Bêbado e a Equilibrista”, Maria Rita põe todos de pé interpretando o clássico “O Show tem que Continuar” (em uma grata brincadeira com o último verso da primeira) e em pé o público das mesas decide permanecer até o final da apresentação. A cantora dança, interage com aqueles à beira do palco e encanta com seu jeito brincalhão. Durante toda a apresentação, ela encarna uma interpretação confiante, livre e capaz de mostrar sua versatilidade. Cantando sambas há mais de dez anos, ela já tem um domínio dos códigos do estilo e demonstra isso com naturalidade.

Quando deixa o palco, o povo pede bis e é o que acontece. Ela retorna (com mais um novo look) para mais três canções: dois clássicos de Gonzaguinha e a chave de ouro “Vou festejar”, que encerra o espetáculo na mais alta energia.

Entre as canções do novo disco, os trabalhos antigos e as releituras de clássicos, Maria Rita mostra que já mergulha fundo no mundo do samba e garante uma noite de diversão e encanto para os fãs do ritmo.

MARIA RITA: Amor e Música
9 de junho de 2018, Km de Vantagens Hall, Rio de Janeiro

1. Amor e Música
2. Bola pra frente
3. Num corpo só
4. Chama de Saudade
5. Samba e Swing
6. Cutuca
7. Saudade Louca
8. Nem por um Segundo
9. Cadê Obá / Quando a Gira Girou (Zeca Pagodinho)
10. Reza
11. O bêbado e a equilibrista (Elis Regina)
12. O Show Tem Que Continuar (Arlindo Cruz)
13. Recado
14. Cara e Coragem
15. Rumo ao infinito
16. O que é o amor
17. Nos Passos da Emoção
18. Tá perdoado
19. Maltratar não é direito
20. Perfeita Sintonia

Encore:
21. É (Gonzaguinha)
22. O Homem Falou (Gonzaguinha)
23. Vou festejar (Beth Carvalho)

FOTOS: Karyme França / Zimel