Rio de Janeiro – “Boiadas” invadiram o Centro da cidade em pleno domingo de carnaval. Foi assim que os animados foliões chamaram os múltiplos cortejos do mais conhecido bloco não oficial da cidade, o Cordão do Boi Tolo, que este ano inovou. Cinco grupos partiram de pontos diferentes do Centro e até de Niterói, numa estratégia para não deixar o gigantismo abalar a tranquilidade da festa. E deu certo. Foi possível brincar e dançar, mesmo com o cordão cada vez maior e as ruas lotadas.

— As pessoas procuram blocos alternativos, em que dê para curtir sem ficar apertado. O Boi Tolo estava ficando muito grande, o que não é problema, mas achamos uma solução para deixar todos confortáveis — explicou Rafael Nunes, um dos organizadores do Cordão.

Sem hora para acabar e sem trajeto pré-definido — uma das características do Boi Tolo —, as cinco “boiadas” saíram do Cais da Imperatriz, na Gamboa; do Largo da Misericórdia; do Bairro de Fátima; do Beco das Sardinhas e da Praça Arariboia, em Niterói. Parte dos foliões cruzou a Baía de Guanabara de barca. Todos rumo a um grande baile na Lapa e, depois, ao Museu de Arte Moderna (MAM). A nova organização agradou aos foliões.

— Não fica aquele empurra-empurra, é ótimo! — disse a designer Yasmin Youssef, de 25 anos, que saiu da Avenida Marechal Âncora.

O bloco, segundo a organização, reuniu entre 30 e 40 mil pessoas nas cinco “boiadas”. Todos os foliões, claro, muito bem fantasiados.

— Sempre penso na fantasia e faço tudo em casa. Assim, dá para explorar a criatividade ao máximo — contou o ator Fifo Benicasa, vestido de noiva zumbi e acompanhado da namorada, Ingrid Conte.

— Quando você namora, não dá para pegar ninguém. A graça, então, é se fantasiar! — brincou Ingrid, vestida de planta carnívora.

Outro destaque foi o grupo fantasiado de Elke Maravilha, que morreu em agosto do ano passado.

— Não podemos deixar a cultura da Elke acabar, precisamos homenageá-la. Ao todo, somos 20, mas estamos espalhadas pelas “boaiadas” — diz a editora de vídeo Tatiana França.