Danilo Sevali é um quarto da Hierofante Púpura, banda indie psicodélica de Mogi das Cruzes em atividade desde 2005. No entanto, mais recentemente, o músico e multi-instrumentista decidiu levantar um projeto paralelo em carreira solo. E se a Hierofante já tinha um som fora do normal, prepare-se para D.Selvagi and his OneManGang.

No novo empreendimento, Danilo é vocalista, toca guitarra barítono, bumbo e caixa-ximbau. Ao mesmo tempo. Afinal, conforme o nome sugere, trata-se de uma banda de um homem só! Mas se pensa que por isso Danilo cria canções mais simples para facilitar a multitarefa, se enganou. Entre as inspirações, o artista aponta a neo-psicodelia e o krautrock, movimento de bandas experimentais alemãs entre as décadas de 60 e 70.

A essa textura, unem-se letras fora da caixinha, bem-humoradas e um pouco doidas. O resultado é surrealista, experimental, dramático e delicioso. É uma loucura divertida e envolvente. Já no primeiro single, por exemplo, o artista dá uma revirada na máxima losermânica e pergunta: “quem é mais Sentimental Nonsense que eu?”. Este ano, a faixa Atolado em Dívidas ganhou uma nova versão com vídeo. Além do acréscimo dos versos “chuva de boleto” e “manda um auxílio emergencial”.

D.iscografia “Selvagi”

Falando nisso, a monobanda lançou dois discos. “Atolado em Dívidas” está presente no primeiro, “Eu Vi Vários Eus, Eu Vi Vários Eus”, de 2017, enquanto Sentimental Nonsense figura em “D.Selvagi and His OneManGang”, de 2019. Este ano, no entanto, a quarentena inspirou duas faixas, que compões o EP “Singles Primitivos Vol. 1”.

“Jogo de Interesses” é uma brincadeira com várias canções nacionais clássicas em forma de protesto político. “Sou uma Pedra” é uma crítica ao “umbiguismo” dos cabeças-duras que teimam em negar a ciência e se expor à COVID-19, contra todas as recomendações. Aliás, esta última ganhou um vídeo onde o artista toma um banho de mangueira, completamente vestido, representando perdigotos infectados com o novo corona vírus. Pense em uma representação bem visual?

Entregue ao “vírus”, tocando contra as nuvens. O artista fala sério, só que fala brincando. Assim, então, procura não só viver no 2020-caos. Mas também se divertir no caminho.