Se ainda existissem dúvidas, a roda gigante as dissipava. O MEO Sudoeste 2019 encontrava-se no final da estrada. Os carros estacionados à beira da estrada iam se multiplicando, as pessoas esforçavam-se para passar entre eles, o calor e o pó tornavam o ar irrespirável. 

Para o dia 8 de agosto, no Palco MEO o festival  recebeu apresentações, principalmente de artistas de Rap/Trap, tanto portugueses como internacionais como Jimmy P e 6lack, no entanto a grande expectativa estava reservada para Post Malone que, em vésperas de lançar o seu terceiro álbum de originais anunciado pelo próprio para setembro, incluiu Portugal e mais especificamente a Herdade da Casa Branca na sua turnê europeia. 

Além do palco principal, o Palco LG e o Palco Santa Casa instalados no topo do recinto permitiam que artistas menos conhecidos do grande público pudessem dar a conhecer os seus trabalhos. A primeira atuação do dia teve lugar no palco LG, com Spliff, do colectivo M75 e que frequentemente acompanha Dillaz como DJ. 

Um pouco depois das 20 horas, o primeiro artista a atuar no palco principal entrava em cena, Jimmy P e logo a seguir, com uma postura discreta, 6lack rapper de Atlanta, apresentou um espetáculo consistente com o seu “moody hip hop”, conseguido a atenção dos seus seguidores que apresentaram cartazes com mensagens como “Free 6lack” título do seu primeiro álbum.

Após a atuação de 6lack as movimentações no público foram evidentes e as pessoas que se encontravam longe apressavam-se para beber suas cervejas, chamavam os amigos e corriam para mais perto do Palco MEO.

Esta foi a segunda visita a Portugal do norte-americano, tendo a primeira ocorrido em 2017 no Sumol Summer Fest na Ericeira, apresentando aí o seu primeiro álbum “Stoney”, quando apresentou ao público português os seus êxitos do seu segundo álbum lançado em 2018 “Beerbongs & Bentleys”. 

A entrada de Post Malone, por volta da meia noite, foi o momento mais aguardado pelas 20 mil pessoas presentes no recinto. Com uma setlist bem estruturada, misturando hits mais conhecidos como “Wow” ou “Rockstar” com faixas mais intimistas do primeiro álbum como “Stay” ou “I Fall Apart”, Post Malone não decepcionou os fãs que o acompanharam cantando durante todo o show.

O que talvez tenha mais impressionado na sua atuação, foi a sua presença em palco. Sozinho, apenas com o seu microfone e movimentando-se entre os efeitos pirotécnicos, dominou por completo o palco e a plateia. Apesar de cantar sobre o playback instrumental, Post Malone mostrou porque é  considerado um dos artistas mais singulares do atual panorama musical, e, através da sua voz rouca e sofrida, levou muitos dos presentes para muito longe da Herdade da Casa Branca. 

Existia alguma expectativa pela possibilidade de Post Malone apresentar faixas do seu próximo álbum mas tal não veio a acontecer. Considerando o que tem acontecido nos últimos anos, isto poderá ser positivo para os seus fãs, uma vez que Post Malone tem vindo sempre a Portugal após o lançamento dos seus álbuns. Resta-nos esperar por 2020.  

 

Texto: Amina Bawa e André Neto

Fotos: Hugo Valério