Em mais uma passagem dos americanos bostonianos do Dream Theater pelo Brasil (Dessa vez até com seu próprio festival, o DreamFestival, em São Paulo) o Rio de Janeiro não poderia ficar de fora. E que bom que não ficou, pois o motivo era especial: além de divulgar o mais recente álbum, Distance Over Time, do começo desse ano, o grupo apresentou na íntegra o clássico álbum “Metropolis 2: Scenes From a Memory”, que completou vinte anos no mesmo vigente.

Dream Theater se apresenta no Vivo Rio, no Rio de Janeiro

Larissa Fernandes | ZIMEL

Porém, antes do momento clímax da festa, o Dream Theater tinha muita coisa pra mostrar. Pontualmente às 21h30, LaBrie, Rudess, Petrucci, Myung e Mangini subiram ao palco de um Vivo Rio cheio até a tampa. No primeiro ato do show, muitas músicas do álbum mais recente (com destaque para “Pale Blue Dot” e suas seções totalmente esquizofrênicas no meio da música) e apenas duas músicas não pertencentes ao mesmo: a incrível “A Nightmare to Remember” e “In the Presence of the Enemies, Pt.I”.

Dream Theater se apresenta no Vivo Rio, no Rio de Janeiro

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Luzes se acendem e toda a preparação para a execução do aniversariante do ano começa. Assim como o teatro, que pausa em determinado momento da apresentação para diferentes atos, também assim foi o show do Dream Theater. Também pudera, apenas a primeira parte do show, que contou com apenas cinco músicas, teve pouco mais de uma hora.

Dream Theater se apresenta no Vivo Rio, no Rio de Janeiro

Larissa Fernandes | ZIMEL

O álbum homenageado da noite é o quinto da carreira do grupo, lançado em 1999. É um álbum conceitual que teve toda a sua história (que envolve assassinato e regressões em vidas passadas) contada nos telões atrás da banda. Inclusive, a parte cenográfica ajuda e muito para a apresentação, sempre com animações e projeções pertinentes. Na execução do “Scenes”, acompanhava religiosamente o que estava sendo dito na música.

Dream Theater se apresenta no Vivo Rio, no Rio de Janeiro

Larissa Fernandes | ZIMEL

Falar que a qualidade dos músicos é anormal é chover no molhado. LaBrie, que no primeiro ato tinha um pedestal com uma mão robótica e uma caveira, fazendo referência à capa do mais recente álbum, na execução do álbum de 1999, mudou para um pedestral com alusão ao símbolo do infinito, que permeia o conceito do registro. Para um senhor de 56 anos, segurou muito bem no gogó músicas complicadas como “Beyond this Life” e em “The Spirit Carries On”, com solo inspirado de Petrucci, capaz de tirar lágrima dos maiores marmanjos do recinto.

Dream Theater se apresenta no Vivo Rio, no Rio de Janeiro

Larissa Fernandes | ZIMEL

Em “Dance of Eternity”, toda a capacidade musical do Dream Theater se projeta. Um instrumental de seis minutos parece ficar pequeno para tanta capacidade e precisão dos músicos. Ninguém fica de fora, da bateria megalomaníaca de Mangini até o baixo do recatado Myung, todos os instrumentos têm seu momento para brilhar solo e separadamente, sem que se perca o contexto do que é, de fato, uma música. “Finally Free” encerra de forma brilhante o álbum e a segunda parte do show, que é a história de uma banda sendo contada em forma de música, entre notas e acordes, com muita gente “sentada” pra ouvir. Histórico e necessário.

A música final “At Wit’s End” se encontra ali apenas para formalizações, pois o público já estava estupefato com o que acabara de acontecer. Se, em suas passagens pelo Brasil, o Dream Theater se apropria de altos e baixos, dessa vez acertaram em cheio.