Nos dias 05 e 06 de Novembro o Rio de Janeiro, foi palco da primeira edição do Festival Hell in Rio. Segundo as palavras dos produtores “a proposta é oferecer um evento de qualidade, com infraestrutura de ponta, e o intuito de movimentar, fomentar e apoiar o cenário do heavy metal no país. A THC Produções visa apresentar um novo conceito, valorizando o rock nacional, reunindo nomes já consagrados, além de dar espaço para as grandes revelações do cenário underground”.
O evento

Foi de surpreender a maioria dos headbangers cariocas saber que pela primeira vez na vida colocariam os pés no Terreirão do Samba, tradicional espaço de eventos de samba e ao lado da Marquês de Sapucaí, para assistir dois dias de muito metal. Uma ótima escolha por sinal, fácil acesso para qualquer ponto da cidade, uma infraestrutura simples, mas que atende as necessidades de um festival open air, quiosques servindo comidas a preços módicos (abraços para as tias do quiosque 08) e cerveja gelada por R$5, não teve quem ficou com fome ou sede. Um palco grande e uma bela iluminação completaram o cenário.

Primeiro Dia: 05/11

O dia começou com uma forte chuva, fazendo com que o público se atrasasse um pouco, porém não impediu que a banda carioca de Melodic Death Reckoning Hour entrasse no palco conforme o horário divulgado pela organização. Com um show competente e o peso que lhe é característico, a banda deu início ao que seria um dia de chuva e metal pesado. Na sequência, a banda de Itapetininga/SP Perc3ption entra para mostrar o seu Prog Power intenso e muito bem trabalhado. Ao final do show, a chuva resolve dar uma trégua e abrir espaço para uma das maiores lendas do punk rock nacional: José Rodrigues Mao Junior, o Mao. Agora sob o disfarce do O Satânico Dr. Mao e os Espiões Secretos, relembrou clássicos dos Garotos Podres como “Aos Fuzilados da C.S.N.”, “A Internacional” e “Anarquia Oi!”, desperta um misto de nostalgia e revolução em meio ao Hell in Rio. O Oitão, banda que tem como vocalista o chef Henrique Fogaça (do famigerado Master Chef), foi a surpresa da noite.

Pra quem esperava uma simples “receita de risoto”, a banda trouxe para Rio um hardcore beirando ao caótico e fazendo com que o moshpit, que estava tímido, crescesse e ficasse furioso. A essa altura, o público já estava fazendo um bom volume e o Claustrofobia não deixou a pressão diminuir, com seu Death/Thrash de respeito. Os gaúchos Hibria, que fizeram um show beneficente em novembro de 2015 no Rio, trouxeram de novo o tom melódico para o palco e não decepcionaram. Mas em seguida, o Dead Fish fez a porradaria volta e com seu hardcore rápido, fizeram um show de deixar qualquer um com a adrenalina a flor da pele. Com todos os olhos voltados para os headlines da noite, o Almah de Edu Falasch e companhia iniciam o show com pontualidade britânica e aquela sonoridade única do Power melódico que todos já conhecemos, mas como uma agradável surpresa. Fabio Lione (Angra) é convidado ao palco para dividir os vocais em um cover de Nova Era e deixar um gosto de “quero mais” para o dia seguinte. Pra fechar o primeiro dia de festival, ninguém menos que o já aclamado Sepultura para receber essa incumbência. O Sepultura inicia o show com o clássico “Troops of Doom” e daí por diante foi um clássico após o outro, pra deixar os remanescentes do mosh em êxtase.

Segundo Dia: 06/11

Ao contrário do dia anterior, a chuva não atrapalhou ninguém e, ignorando o cansaço daqueles que compraram o passaporte para os dois dias, a banda de Hatefulmurder abre o segundo dia de fest com agressividade e competência de quem veio marcar seu lugar no cenário do metal nacional. A banda de thrash Eros, após um hiato de mais de 20 anos, retorna aos palcos e mostra quem ainda tem muita disposição e som para apresentar. Sem perder o fôlego, a dobradinha Jonh Wayne e Project 46 mostram o peso e o breakdown do deathcore/metalcore nacional para o público mais tradicional, revelando que essa nova safra do metal tem sangue nos olhos. Durante ambos os shows, o som começou a apresentar falhas e isso acabou por atrasar o show do Velhas Virgens, mas não impediu que eles fizessem uma apresentação a altura de seu nome. Com a característica irreverencia e as letras pra lá de politicamente incorretas, o blues rock do Velhas fez um coral de headbangers cantar suas letras ácidas.

Na sequência, o Korzus, gigante do thrash nacional, inicia seus riffs de “Guilty Silence” e uma avalanche de porradarias que culminaram com “Legion” e com certeza muitas escoriações no mosh. O Matanza, velho conhecido do público carioca, não poderia faltar no headline do primeiro Hell in Rio e como de praxe “O Chamado do Bar” e “Ressaca Sem Fim” deram a introdução ao que a própria banda chama de “músicas para beber e brigar”. Já passando da 00h, o Angra começa um show que fechou com chave de ouro o festival. Agora com elementos de percussão e o carisma do italiano Fabio Lione, a banda toca seus consagrados sons “Wings of Reality”, “Make Believe”, “Holy Land” e “Rebirth”. Já se despedindo do palco, o público começou a clamar por “Carry On” e, novamente surpreendidos, Bruno Sutter (Detonator) divide os vocais com Lione para encerrar o Hell in Rio com grande estilo.

Apesar da chuva e de alguns contratempos técnicos, o saldo do festival para o público em geral foi muito positivo. Todos com quem conversei saíram na expectativa de uma próxima edição no ano que vem e, claro, com muito mais metal nacional.

por Wesley Magalhães, especial para a ZIMEL

Fotos por Nathália Araujo