Era uma noite de sexta-feira linda no Rio de Janeiro e uma gama valiosa de pessoas se aglomerava no intimista palco Santo Antonio da Fundição Progresso para o primeiro show da Fresno, em suporte ao novo álbum A Sinfonia de Tudo que Há, sendo incrivelmente bem recebido pela crítica musical por todo o Brasil. Os portões, como sempre, refletiram o profissionalismo da casa e abriram na hora certa, deixando todos bem confortáveis para testemunhar a abertura do ótimo ato carioca Baleia.
Tendo a banda lançado o álbum de alcunha Atlas neste ano, o sexteto mostra no palco uma maleabilidade musical de dar inveja a muita banda estruturada no cenário musical brasileiro. Num misto de rock alternativo com muitas pitadas de art-rock e progressivo, o grupo mostra todas as suas garras que lhe permitem alcançar um lugar ao sol de importância no panorama nacional. Músicas como Hiato, a ótima e bem arranjada Casa e a obtusa Duplo-Andantes mostram toda a faceta de uma banda que não tem medo de experimentar e se sai muito bem no que se propõe. Certamente um grande ato de abertura e um grupo para se ficar de olho.
Pouco menos de trinta minutos e a Fresno ocupa o palco central da Fundição Progresso para novamente fazer história na casa. Começando com a incrível abertura de Sexto Andar (que também abre o mais recente álbum), a banda continuou com A Maldição e Diga, Parte 2. Lucas Silveira tem o público na sua mão e apesar de não ser muito falador em cima do palco, diz as palavras certas nos momentos certos, deixando espaço para o que realmente importa: a música. E quantas foram tocadas! Quase vinte músicas, sendo quase duas horas de show. Astenia e Hoje sou Trovão também fizeram parte da primeira parte da apresentação.
Deixa Queimar já era bem aguardada pelo público (que já conhecia, como todo o resto da discografia, as letras do novo álbum de cor) e fez a galera balançar e o chão estremecer. A energia do show estava lá no alto quando a banda tocou a querida Cada Poça Dessa Rua Tem um Pouco das Minhas Lágrimas, fazendo o público delirar em cantos e bem…lágrimas.Stonehenge e Axis Mundi nos preparam para a beleza incrivelmente sutil de Poeira Estelar, aonde Lucas Silveira assume os pianos seguido pela competente banda formada por Gustavo Mantovani, Mário Camelo, Thiago Guerra e Tom Vicentini.
A parte final do show fica com as músicas O Ar, Eu sou a Maré Viva e Manifesto, arrancando o último sopro de canto dos pulmões dos presentes e terminando o show num fulgor apoteótico que a Fresno vem construindo tão bem com o tempo. O grupo, que a cada álbum vem mostrando uma evolução estrondosa, nesse A Sinfonia de Tudo que Há mostra uma faceta definitivamente madura e alcança patamares diferenciados na sua estrada, e naturalmente, a apresentação da banda não poderia ficar para trás nessa caminhada. Que a Fresno continue sua evolução surpreendente até as estrelas, e tudo indica que estão no que caminho certo.
Fotos de Felipe Barros Gallina
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