Era uma Quinta. E era uma Quinta tenebrosa, meus amigos. Três shows num espaço de menos de 1KM! No começo da Barra da Tijuca, extenso bairro de classe média da Zona Oeste do Rio de Janeiro, Simply Red fazia sua apresentação no Metropolitan, um pouco antes do HSBC Arena, Wesley Safadão levava multidões alucinadas e no final da linha, tínhamos o Iron Maiden.

Era uma Quinta. E era uma Quinta tenebrosa, meus amigos. Três shows num espaço de menos de 1KM! No começo da Barra da Tijuca, extenso bairro de classe média da Zona Oeste do Rio de Janeiro, Simply Red fazia sua apresentação no Metropolitan, um pouco antes do HSBC Arena, Wesley Safadão levava multidões alucinadas e no final da linha, tínhamos o Iron Maiden. Mas não era só a Donzela, tínhamos também o Anthrax, e o ato de abertura The Raven Age. Mesmo que você não fosse a nenhum show, junte tudo isso à fina chuva que caia no Rio de Janeiro e já dava pra imaginar o caos que iria se instaurar. Mas carioca dá seus pulos, e acredito que no final tenha ocorrido tudo certo para todo mundo. Pelo menos eu espero!

Seguindo à risca os horários dos shows, o The Raven Age subiu ao palco e apresentou suas poucas músicas, afinal de contas, a banda só tem apenas um EP lançado no mercado. A banda do filho de Steve Harris mescla Metalcore, alguma pegada de heavy metal, pitadas de um Proto-Groove e uma pegada bem comercial. O grupo dá seu recado e mostra que pode ter um futuro promissor, mas precisarão ousar mais. O público também não dava tanto as caras no momento da apresentação, pois acho que estavam esperando as duas próximas atrações.

Só em um show do Maiden você pode ver grandes bandas como ato de abertura e dessa vez não foi diferente, tivemos um integrante do Big Four do Thrash Metal! Nada menos que os novaiorquinos do Anthrax. Scott Ian, Joey Belladonna e Cia. Entraram no palco do HSBC Arena para apresentar um grande show e não foi nada menos que isso. Com um som límpido, entrosamento beirando a perfeição e muito ânimo, os americanos destilaram seu som por quase uma hora. E não faltaram clássicos! Integraram o set músicas como Medusa, Caught In A Mosh (que abriu a apresentação) e Indians (que fechou a mesma). Mas também tivemos presença das novas! A banda tocou Evil Twin e a incrível Breathing Lightning com sua carga épica e melódica incríveis. Grande apresentação, só sendo abafada pela banda que estaria por vir.

E a banda que veio em seguida é simplesmente uma das mais influentes da história do Metal Mundial. A Donzela de Ferro trouxe para o RJ um show incrível. Com a conhecida estrutura de palco monstra dessa vez remetendo aos cultos da mitologia Maia, Bruce Dickinson proclama a entrada de If Eternity Should Fall, que abre o show e leva um HSBC Arena lotado até a tampa a pular sincronizado, Speed Of Light e Children Of The Damned começam o show mostrando que a banda teria muito para entregar aquela noite.

The Trooper é sempre um grande momento na noite. Com Bruce se fantasiando do soldado britânico que narra os acontecimentos da Batalha de Balaclava descritos na música, o Iron Maiden fazia o que sabe fazer de melhor: Ser incrível e vanguardista. Steve Harris, Dave Murray, Adrian Smith, Bruce Dickinson, Nicko McBrain e Janick Gers demonstram ainda a energia e paixão que muito moleque não consegue transmitir e todos os elementos, desde as corridas de Bruce, as guitarras gêmeas, o baixo estalado de Steve, as levadas cadenciadas, toda a cenografia… Tudo se mescla para transformar o espetáculo em algo memorável para o fã.

É na incrível The Book Of Souls que Eddie faz sua primeira aparição, dessa vez representado como um cidadão Maia e atacando os membros da banda com um machado, até que Bruce retira o coração e extrai seu sangue, salvando à todos. O show da Donzela não se limita ao musical e a interação com os elementos teatrais tão bem executados e pensados fazem o concerto se agigantar de uma forma poucas vezes pensada na história da música.

Powerslave, Hallowed By The Name, Iron Maiden e o incontestável hino do Rock/Metal mundial Fear Of The Dark foram outros grandes momentos apresentados pela banda. Todos eles recheados de singularidade, seja nos backdrops que mudavam constantemente, luzes pensadas para cada canção, representações diferentes de um mesmo Dickinson ou dos momentos brilhantes da banda como um todo, que mesmo após mais de 40 anos, continua com a mesma perfeição musical de outrora.

Com o Bis começando com a incendiária The Number Of The Beast (incendiária mesmo, pois além da presença de um ser de bondade duvidosa no lado esquerdo do palco, os flamethrowers espalhados pelo palco não pararam de trabalhar a cada sessão da música), o show encontrou seu fim e mais um dos seus numerosos ápices com Blood Brothers e Wasted Years. O público mais uma vez saiu satisfeito do show do Maiden, que faz com que duas horas de apresentação pareçam trinta minutos devido aos numerosos pontos de atenção que o espetáculo sempre nos reserva. Tudo isso regado ao som gigantesco que os britânicos explodem dos PAs. O Metal respira e passa bem. Vida longa à Donzela de Ferro.