Um laudo médico apontou que a causa da morte do cantor e compositor Chris Cornell, de bandas como Soundgarden e Audioslave, foi confirmada como suicídio por enforcamento, segundo a agência de notícias The Associated Press.

O músico americano foi encontrado morto, na noite desta quarta-feira, em um hotel de Detroit. A morte foi considerada “súbita e inesperada” pelo agente do músico, Brian Bumbery. Segundo ele, a viúva Vicky e a família de Cornell (ele tinha dois filhos, Toni e Christopher) estão em choque. Os parentes pediram privacidade. Nas últimas horas, a polícia local investigava a morte como suicídio. Um oficial disse à “Variety” que o corpo do cantor foi encontrado no banheiro do quarto de hotel com uma corda em volta do pescoço.

Cornell comandou um show do Soundgarden horas antes de morrer, e aparentava empolgação, além de estar em boa forma. Ele estava no meio de uma turnê pelos Estados Unidos, cujos ingressos estavam esgotados. Faltavam seis apresentações, até a conclusão da tour, em 27 de maio.

Reconhecido como um dos pioneiros — e dono de uma das melhores vozes — da cena grunge de Seattle, nos anos 1990, o americano fundou o grupo Soundgarden. A formação musical ganharia fama pelos troféus no Grammy com as canções “Black Hole Sun” e “Spoonman”. Só nos Estados Unidos, a banda vendeu mais de 10 milhões de discos.

O Soundgarden se desfez em 1997 e voltou a atuar reformada em 2010. A primeira e única apresentação da banda no Brasil foi em 2014, como atração do festival Lollapalooza, em São Paulo.

Cornell esteve no Brasil em dezembro passado, para shows solo no Rio (foto), em São Paulo e em Curitiba.

Em 2001, ele se uniu a três ex-membros do Rage Against the Machine — Tom Morello, Tim Commerford e Brad Wilk — para fundar o Audioslave, supergrupo que alcançou grande sucesso naquela década, lançando três álbuns entre 2002 e 2006 — “Audioslave” (2002), “Out of exile” (2005) e “Revelations” (2006). Em maio de 2005, eles fizeram um show gratuito e histórico em Cuba, para 70 mil pessoas, tornando-se a segunda banda de rock americana a se apresentar no país. A performance acabou virando um DVD, lançado no mesmo ano.

O grupo se separou em 2007, quando Cornell deixou o projeto devido a “conflitos pessoais e diferenças musicais”. Mas, em janeiro, o quarteto se reuniu para um um evento de protesto contra a posse do novo presidente dos EUA, Donald Trump, batizado de “Baile Anti-inauguração” (em tradução livre).

Outro famoso projeto em que Cornell esteve envolvido foi o Temple of the Dog, criado em 1990. Também considerado um supergrupo, reunia membros do Pearl Jam — o baixista Jeff Ament e os guitarristas Stone Gossard e Mike McCready — e do Soundgarden — Cornell, além do baterista Matt Cameron, que toca nas duas bandas.

O grupo foi formado para homenagear o vocalista do Mother Love Bone, Andrew Wood, morto de overdose em 1990. Gossard e Ament tocavam no grupo, e Cornell era um amigo próximo do músico. Ao mesmo tempo, os dois primeiros formavam o Pearl Jam com Eddie Vedder. O Temple of the Dog lançou apenas um disco, de mesmo nome, em 1991. A banda não tinha feito turnês até ano passado, 25 anos depois do álbum, quando fez cinco shows nos EUA.

Famoso pela performance em bandas, Cornell construiu também uma bem-sucedida carreira solo. Ele ainda compunha canções. Seu último álbum, “Higher Truth”, de 2015, alcançou o top 20 nos Estados Unidos.

O músico já lutou contra o vício em drogas e álcool no passado, mas estava sóbrio desde 2003.

Viúva de Chris Cornell rejeita hipótese de suicídio do marido

A viúva do cantor Chris Cornell, Vicky Cornell, relatou em comunicado que o marido havia tomado uma dose extra de seu medicamento contra ansiedade antes de morrer. Logo depois do show em Detroit, nos Estados Unidos, que seria o último do vocalista do Soundgarden, ele falava de forma embolada quando os dois conversaram ao telefone.

Vicky conversou com o artista pouco depois da apresentação e notou que ele não conseguia formular frases sem misturar as palavras. Ele relatou à mulher que havia ingerido “um ou dois Ativan extra” — uma referência à medicação para a qual ele tinha receita médica, responsável por “vários efeitos colaterais”, segundo seu advogado, Kirk Pasich.

“O que aconteceu é inexplicável, e eu tenho esperança de que relatórios médicos adicionais vão fornecer mais detalhes”, disse Vicky Cornell no comunicado. “Eu sei que ele amava nossos filhos e que ele não iria machucá-los tirando sua própria vida intencionalmente”.

Kirk Pasich, advogado da família, disse que eles ficaram perturbados com a conclusão de que Cornell “conscientemente e intencionalmente tirou sua própria vida” antes de serem liberados os resultados de testes de toxicologia.

“A família acredita que se Chris tirou sua vida, ele não sabia o que estava fazendo, e que drogas ou outras substâncias podem ter afetado suas ações”, disse Pasich.

Cornell foi encontrado morto, aos 52 anos, em seu quarto de hotel em Detroit. O laudo dos legistas comprovou o suicídio por enforcamento. A família do músico ressalta que discorda das “inferências de que Chris se matou conscientemente e intencionalmente”.