Lindsey Stirling surpreendeu o mundo ao mesclar suas habilidades como dançarina e violinista com música eletrônica no palco do “American Got Talent” em 2010. Essa mulher de 31 anos, com espírito de menina, compartilha tudo o que ama e sente através das suas composições. No dia 26 de agosto, Lindsey Stirling se apresentou no “Km de Vantagens Hall” – RJ. A casa ficou relativamente cheia, porém, sem lotar. Este foi o último show na da turnê sul-americana de divulgação do seu último álbum “Brave Enough” lançado em 2016.

Você pode escrever sua própria história. Acredite em você.” Mensagem simples, premissa simples, entretanto, a artista conseguiu transmiti-la de forma tão contundente a ponto de nos permitir reviver seu significado. A turnê utilizou do mesmo setlist em todas as apresentações realizadas, com raras modificações. Contudo, após concluir a noite, a intencionalidade desta decisão mostrou-se clara: Lindsey é perfeccionista. A organização da apresentação compõe um elemento importante deste espetáculo.

Sem enrolação, o show iniciou pontualmente com a música Beyond the Veil. Lindsey adentrou ao palco e mostrou a que veio. Entre riffs e rodopios, ela conduziu seu violino com precisão e graça, enquanto seus pés desenhavam sobre o palco. Até os mais céticos em relação a suas habilidades cederam à veracidade do seu talento. Aquilo é real! Ela é realmente capaz de realizar aquilo, sem edição, sem desafino. As músicas seguintes, ”Prism” e ”Shatter Me” sustentaram a energia da primeira.

Acompanhada das suas dançarinas (e que dançarinas!), a artista mostrou que construiu um espetáculo onde cada momento precisa ser apreciado. Em Lost Girls, presenciamos uma troca de roupa em tempo recorde. Vestida como uma fada campestre, Lindsey transformou a ambientação do show como se nos transportasse a um mundo de fantasias. Em Elements, temos um clássico de sua carreira. As imagens no telão pareciam nos contar uma história, enquanto Lindsey a conduzia.

Os intervalos continuavam a entreter o público com alívios cômicos e a apresentação da sua banda, ou como diria a Lindsey, seu hot stuff.

Sempre muito comunicativa, a necessidade de conduzir seu espetáculo com precisão não impediu a artista de interagir com o seu público. O segundo set iniciou com um belo acústico de Something Wild (Pete’s Dragon 2016), um prêmio aos fãs da Disney, paixão pela qual a artista compartilha. Seguida de Hallelujah, Lindsey mostrou o tom desse segundo set: sereno, repleto de nostalgia e emoção.

Falando em emoção, Stirling deu um belo depoimento sobre a recente morte de seu pai e de seu antigo companheiro de banda Gavi, ambos vítimas de câncer. Para Gavi, Lindsey escreveu uma das canções de seu recente álbum, em These Days, e compartilhou o seu luto. O set finaliza com um dos seus primeiros sucessos, Crystallize, reanimando o público neste clássico que definitivamente “cristalizou” sua carreira em um status de sucesso.

 

No terceiro set, Lindsey foi surpreendida com uma singela, porém, expressiva homenagem de seus fãs portando balões em forma de coração enquanto a artista tocava Hold My Heart. Emocionada, a artista agradece pela surpresa seguida de um belo discurso sobre sua trajetória, repleta de descréditos e desilusões.

The Arena foi composta para reforçar sua mensagem de luta e superação de barreiras. Gostaria de destacar a estonteante percussão nessa música. Já Mirage nos hipnotizou através das cores e das belas coreografias das dançarinas, que executaram uma dança indiana. Tal performance poderia gerar uma polêmica discussão sobre apropriação cultural por conta dos trajes e dos movimento sendo executados por duas dançarinas brancas, mas esta não é uma discussão que caberia aqui, ao menos, não me impediu de aplaudi-las, já que mostraram versatilidade de movimentos em harmonia com a Lindsey.

A música que finalizou o set, o último da noite, não poderia ser outra se não Stars Align, single de seu primeiro álbum. Nesse momento, todos na casa já estavam de pé colados ao palco para saborearem esses últimos instantes ao lado da sua ídola. Claramente, houve um encore com um medley, Roundtable Rival/Don’t Let this Feeling Fade, levando o público a pular e aplaudir, finalizando o espetáculo com a mesma energia com que começou. Preciso destacar o breve momento em que Lindsey deixou o seu arco cair do palco, cortando o som emitido pelo violino, confirmando aos incrédulos que a artista estava realmente a tocar cada nota. Como diria Lindsey, “Anyways, Anyways”, o show foi uma experiência mais que satisfatória, um verdadeiro presente aos fãs e curiosos.

Lindsey é uma artista audiovisual completa. Em palco ela toca, dança, interpreta, conta histórias, migra da comédia ao drama, da euforia à serenidade, da novidade à nostalgia. Nos inspira a acreditar que temos todo o potencial necessário para fazermos algo diferente, apesar das adversidades. Desejamos vida longa para sua carreira.

Lindsey Stirling
KM de Vantagens Hall, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro
26 de agosto de 2017.

por Caio dos Santos do Blah Cultural