Criado em 85, o Living Colour fez mais uma turnê pelo Brasil e com nova passagem pelo Rio de Janeiro. Porém, esta é a primeira vez que o grupo toca o seu debut na íntegra. O incrível Vivid, lançado em 1988 e que trouxe a mistura única de elementos de Rock, Metal, Funk, Jazz e milhares de outras referências, igualmente plurais. Para um acontecimento desse, o público não poderia não condizer e também foi grandioso. Com lotação quase máxima e tendo a sua frequência baseada na meia idade, o Circo Voador pulsava. O que para uma Quinta-Feira, é quase um milagre.

Com um atraso irreconhecível de quase cinquenta minutos, o Living Colour sobe aos palcos sem introduções, ambientações, etc. Vernon Reid puxa seu timbre indefectível e logo o casaco colorido de Corey Glover surge no escuro, e a galera vai a loucura. Antes de começar a rifferama do álbum homenageado, porém, o grupo toca duas músicas curiosas: Preachin’ Blues de Robert Johnson e Who Shot Ya?, também um tributo a Notororius B.I.G.

Se o começo do show foi de estranhamento para muitos, a partir da terceira música, o álbum Vivid começou a ser executado. A trinca Cult of Personality, I Want to Know e Middle Man levou todos à loucura. Bandas com o cacife do Living Colour entram no palco com o jogo já ganho e, somado às incríveis qualidades e performances dos músicos, o show fica fácil de ser incrível.

Desperate People usa muito dos timbres psicodélicos e efeitos incessantes do baixo de Doug Wimbish e mostra toda a técnica, segurança e até certa progressividade de Willian Calhoun nas baquetas. Na entrada de Open Letter, toda a alma da música negra exala numa introdução de voz e guitarra emocionante.

Já quase virava o relógio das 00h quando o bis veio com a  presença das músicas Love Rears its Ugly Head, Elvis is Dead e Type. O Living Colour deixa o palco e larga um presente da proporção da idade do álbum homenageado nas mãos do público carioca, que certamente anseia por um retorno o quão breve possível.

Living Colour, 13/06/2019, Circo Voador, Rio de Janeiro