O mundo do rock perdeu nesta quinta-feira um dos cantores mais bem-sucedidos deste milênio. Chester Bennington era a cara e a voz principal do grupo americano Linkin Park, que produziu mais de uma dúzia de sucessos (radiofônicos, inclusive) em sete discos de estúdio ravados desde a estreia, em 2000. Segundo sites especializados, a banda vendeu 70 milhões de discos, mesmo tendo surgido já durante a derrocada do suporte físico.
Sem a pirataria digital, certamente o número seria muito maior. Com sucessos como “In the end”, “Faint” e “Crawlin”, ponteadas pelos berros do cantor, o Linkin Park se tornou uma das bandas de maior sucesso do rock recente. O grupo esteve no Brasil em 2004, 2010, 2012, 2014 e neste ano, quando se apresentou no Maximus Festival, em São Paulo, em maio.
Nascido em Phoenix, no Arizona, em 1976, Bennington teve uma infância difícil. Ele lutava contra o vício em álcool e drogas, que teria começado após o divórcio dos pais, quando tinha 11 anos. Ele já havia dito em entrevistas que tinha pensado em suicídio, por ter sido abusado sexualmente na infância por um homem.
O cantor revelou que os abusos, praticados por um amigo, começaram quando ele tinha apenas 7 anos e continuaram até os 13. Bennington disse não ter denunciado o criminoso por temer que fosse considerado gay ou que estivesse mentindo. Quando já era adulto, identificou o abusador para seu pai, um policial, mas preferiu não processá-lo ao descobrir que ele também era vítima de abuso.
O cantor também dizia ter sofrido bullying no colégio por conta da magreza e por “ter uma aparência diferente”. Sua primeira banda, batizada Sean Dowdell and His Friends?, lançou um EP em 1993. Ao lado de Sean Dowdell, formou um novo grupo, Grey Daze, com quem gravou três discos nos anos 1990. Após deixar a banda, em 1998, Chester encontrou passou por dificuldades e pensou em desistir da carreira musical.
Misturando rock pesado, rap e música eletrônica, o Linkin Park se formou em 1996, na Califórnia, ainda sem Chester, que foi recrutado em 1999, após a saída de Mark Wakefield.
O disco de estreia, “Hybrid theory” (2000), levou a banda direto ao estrelato, com sucessos como “Crawling”, “In the end”, “One step closer” e “Papercut”. Dividindo os vocais com Mike Shinoda (responsável pelos raps), Bennington deu à banda um toque melódico e furioso que ajudou a levá-la ao sucesso.
Além do álcool e das drogas, o cantor – que integrou uma de suas bandas favoritas, os Stone Temple Pilots, entre 2013 e 2015, após a saída do problemático Scott Weiland, morto de overdose em 2015 – tinha um histórico de problemas de saúde: em 2001, ele foi picado por uma aranha venenosa; durante as gravações de “Meteora” (2003), começou a sofrer fortes dores abdominais, resultantes de uma hérnia de hiato, que o incomodou por muito tempo. “Estou cantando e vomitando ao mesmo tempo”, declarou ele na época. Fraturas e internações se seguiram, nos anos seguintes, causando o cancelamento de shows.
Chester Bennington foi encontrado morto nesta quinta-feira, aos 41 anos, com sinais de suicídio. Segundo o site “TMZ”, o cantor morreu por enforcamento em sua casa em Palos Verdes Estates, em Los Angeles, na Califórnia. O corpo foi achado pouco antes das 9h (horário local).
Nesta quinta-feira mesmo poucas horas antes da divulgação da notícia, o Linkin Park lançou o clipe da música “Talk to myself”, do mais recente disco da banda, “One more light”, lançado em maio deste ano. Benington era muito próximo de Chris Cornell, ex-vocalista do Soundgarden e do Audioslave, que morreu da mesma forma em maio e teria completado 53 anos ontem. O vocalista do Linkin Park cantou o clássico “Hallellujah”, de Leonard Cohen, no sepultamento de Cornell.
Bennington deixa seis filhos, de vários casamentos.
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