Está quase na hora de a banda tocar seu grande – não único, como dizem – hit para uma noite onde nada pode dar errado e até o calor é celebrado como uma das virtudes da cidade. Só que o público, mais favorável do que claque de auditório, não esperava tanta psicodelia assim, mesmo de uma banda com esse viés. Em tempos de bandas esquecíveis e conhecimento tão disponível que se torna dispensável, a inclusão de uma peça de mais de 13 minutos de duração em um ambiente notadamente pop causa estranheza. É o que acontece quando o MGMT viaja com “Siberian Breakes”, nesta quarta que vira sexta, no Circo Voador, no Rio. O show – e o público – é do tipo Queremos, e antecipa a apresentação do Popload Festival, que acontece no feriado de 15 de novembro, em São Paulo.

Não que fosse uma novidade. A música já havia sido tocada no Lollapalooza de 2102 por aqui, mas há uns quatro anos estava for do repertório até voltar a ser incluída.

Se a composição fosse boa, os integrantes melhores músicos e os arranjos mais elaborados, a viagem seria maior, mas não se pode deixar de destacar o efeito de um space electro progressivo como esse diante de um público superficial, para dizer o mínimo. Lembre-se que o MGMT é espécie de banda inorgânica, cujos integrantes – a dupla Andrew VanWyngarden e Benjamin Goldwasser – começaram a virar músicos como produtores, em estúdio, mexendo em botõezinhos, não tocando instrumentos. Daí uma série de teclados/samplers no palco, e o próprio palco reproduzir a zorra que é um estúdio, repleto de cabos conectados pra lá e pra cá. Eles melhoraram com o tempo, mas compor – vamos e venhamos – não é para qualquer um.

Se a composição fosse boa, os integrantes melhores músicos e os arranjos mais elaborados, a viagem seria maior, mas não se pode deixar de destacar o efeito de um space electro progressivo como esse diante de um público superficial, para dizer o mínimo. Lembre-se que o MGMT é espécie de banda inorgânica, cujos integrantes – a dupla Andrew VanWyngarden e Benjamin Goldwasser – começaram a virar músicos como produtores, em estúdio, mexendo em botõezinhos, não tocando instrumentos. Daí uma série de teclados/samplers no palco, e o próprio palco reproduzir a zorra que é um estúdio, repleto de cabos conectados pra lá e pra cá. Eles melhoraram com o tempo, mas compor – vamos e venhamos – não é para qualquer um.

A redenção vem em seguida, como se, depois do dentista, a mãe zelosa oferecesse sorvete para a criança. “Kids”, o maior hit deles, mas não o único – repita-se – detona aquele pula-pula coletivo de contagiar mesmo quem não tem jeito de band leader em palco, caso flagrante de Andrew. A música é realmente um achado, e, não fosse ela, talvez o MGMT não teria atingido o status que conseguiu, sendo pop no meio de uma onda psicodélica. Não é fácil ser pueril e complexo, mas eles conseguiram. É o início de uma sequência matadora que aponta para o fim da noite, incluindo “Electric Feel”, essa com uma generosa guitarra psicodélica, pegada rock ao vivo e bem atraente, e “Me and Michael”, uma das novas, mas completamente assimilada pelo público, que deita e rola no “ôôô” depois de cada verso no refrão.

Ela é um dos singles do álbum mais recente do MGMT, “Little Dark Age”, base para esta turnê. São, ao todo, seis das 10 faixas apresentadas no show. A que dá o título, sem guitarras e com vocais com efeitos, guarda certa tensão que a banda tenta transformar em pop, mas fica a conexão com o pós punk oitentista via tecnopop, e “When You Die” abre o show com uma performance apenas ok, em que pese o entusiasmo do público pelo início. Além da parafernália eletrônica – há músicas sem guitarra e com três teclados/samplers – há um telão de led pequeno, na vertical, com outro do tamanho do fundo do palco atrás, recebendo as mesmas imagens, em um interessante encontro de tecnologias que, de certo modo, se identifica com a música do MGMT, moderna e retrô ao mesmo tempo.

Outras músicas legais no show são “Time to Pretend”, tocada na parte inicial, com tonalidades épicas, mas ainda assim pop; “TSLAMP”, um encontro de Paco de Lucia, MGMT e Carlos Santana; e “Flash Delirium”, reconhecida de cara pelo público, e que tem ótimo crescente instrumental do meio para o final. Curiosamente o bis não é essa coca-cola toda, deixando a impressão que o que tinha que rolar de bom ficou mesmo para o arremate da primeira parte. Mesmo assim, o encerramento com “Handshake”, com um assovio torturante e um instrumental quase minimalista, fornece um clima de ponto final de deixar saudades. E todo mundo vai pra casa feliz, com um pôster (gratuito) e um copo (em troca de duas cervejas, que feio, patrocinador) debaixo do braço.

MGMT, 14 de novembro de 2018
Circo Voador, Rio de Janeiro

1- When You Die
2- Time to Pretend
3- Alien Days
4- Little Dark Age
5- The Youth
6- James
7- Flash Delirium
8- She Works Out Too Much
9- Weekend Wars
10- Siberian Breaks
11- Kids
12- Electric Feel
13- Me and Michael
Bis
14- TSLAMP
15- Handshake

* Texto de Marcos Bragatto do site Rock em Geral