Bastou o Queens of the Stone Age anunciar Mark Ronson, produtor de nomes como Amy Winehouse, Bruno Mars e Lady Gaga, como produtor do seu sétimo álbum de estúdio, “Villains”, para a narrativa estar formada: este seria o infame álbum “pop” da banda. Não ajudou as declarações de Josh Homme apontando uma direção “dançante” no novo álbum e o primeiro single “The Way You Used To Do” ser a faixa mais comercial e acessível da banda desde “Make It Wit Chu”; o nariz de vários fãs estava torcido.
Para o alívio de quem tinha medo de uma mudança brusca (e decepção de quem esperava por uma), “Villains” é o QOTSA de sempre, com alguns retoques. A principal mudança em relação ao dark antecessor “Like Clockwork”, de 2013, está no peso, ou na falta dele: tanto nas guitarras, que estão mais leves, quanto na atmosfera, que não é mais obscura, o QOTSA faz um disco mais acessível e de bem com a vida do que o seu anterior.
Isso não quer dizer de forma alguma que a banda está trocando seu Modus Operandi: as guitarras distorcidas, riffs inspirados em Led Zeppelin e Black Sabbath, obsessão por um som vintage, bem anos 70 e os momentos mais psicodélicos e melódicos que chegam de surpresa, marcas da música do QOTSA desde o seu primeiro álbum, em 1998, todos continuam presentes aqui, a ponto que a essa altura não há mais grandes surpresas no som do QOTSA, que mesmo assim continua funcionando pela sua consistência e por continuar soando fresco graças as não tão grandes, mas impactantes, mudanças temáticas de um álbum para o outro.
O que talvez há de novo em “Villains” é uma grande inspiração em cima do glam rock dos anos 70, com a banda, que já havia explorado o estilo em “Smooth Sailing”, do “Like Clockwork”, absorvendo diretamente de Bowie e T-Rex, com a faixa “Un-Reborn Again” homenageando diretamente Mark Bolan. É daí que o swag do álbum novo vem.
Ronson não tem grande impacto na produção, com o disco soando mais como algo que foi produzido pelo QOTSA e co-produzido por Ronson, que veio para dar uns toques, do que algo que sofreu um grande impacto do produtor. Ele trabalha para polir mais o som e experimentar com novos teclados e sintetizadores, que entram de forma discreta, mas efetiva, em algumas faixas.
A duração curta, com apenas 9 faixas, garante um disco com foco do início até o fim, sem faixas ruins, entregando nesse caminho algumas músicas soberbas como “Fortress” e “Hideaway”; as concessões são leves e até mesmo bem-vindas; o QOTSA ainda é dark e bad-ass, além de claramente entusiasmado em fazer música, e “Villains” é mais uma valiosa adição a essa discografia que ainda não produziu um disco ruim.
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