Realizado com regularidade a cada dois anos desde 2004, o Rock in Rio Lisboa conseguiu uma façanha nada desprezível — estar à frente, em número de edições, de seu evento-pai carioca, inaugurado em 1985.

Na noite deste sábado, com shows dos grupos ingleses Muse e Bastille, da banda das irmãs americanas Haim e do astro português Diogo Piçarra (no Palco Mundo, o maior dos cinco instalados no Parque da Bela Vista), o festival abre a sua oitava edição portuguesa.

Ao longo dos quatro dias de Rock in Rio Lisboa (nestes sábado e domingo e no próximo final de semana), potências como Killers, Bruno Mars, Demi Lovato, Katy Perry, Anitta (estreando no festival) e Ivete Sangalo concorrem por um público total de 300 mil pessoas com uma série de atrações extramusicais do grande parque temático em que o festival se transformou em Lisboa.

— Quando o Rock in Rio fez 30 anos, reforçou-se uma conversa que tivemos em 2004, em Portugal, de que deveríamos ter a música como soberana, mas oferecer uma experiência muito vasta de entretenimento — conta Roberta Medina, vice-presidente executiva do festival.

LABORATÓRIO PARA COMPLEXO DE DIVERSÕES

Lisboa, que foi uma espécie de laboratório para o formato que o Rock in Rio veio a assumir ano passado, no Rio, de gigantesco complexo de diversões, agora adquire por completo as conquistas das outras edições — inclusive a de Las Vegas, em 2015.

Além dos cinco palcos (Mundo, Music Valley, EDP Rock Street, Super Bock Digital Stage e Yorn Street Dance), ele traz uma rua dedicada às culturas africanas, um distrito que celebra a cultura pop (Pop District), uma arena de games (Worten Game Ring), um mercado pop-up de alta cozinha (Time Out Market Rock in Rio), um mini parque jurássico (com oito réplicas de dinossauros em tamanho real), roda gigante e até uma piscina, no Music Valley — lá acontecem pool parties, com DJs, que começam às 12h, quando abre o festival.

Até as 2h, a proposta é que o festival ofereça atrações para toda as idades — no próximo sábado, aliás, no Music Valley, rola a festa Revenge of The 90s, celebrando a década com participação do cantor Haddaway (do hit “What is love”).

— Nosso público é muito transversal (em termos etários) — informa Roberta, que apostou numa troca de data para o festival (era em maio, passou para junho), tentando driblar as chuvas que estavam previstas.

O bom momento econômico e político de Portugal, mais o crescimento do turismo no país, têm animado Roberta na oitava edição lisboeta do festival:

— Hoje temos um público estrangeiro de 10%, em 2016 era de 5% — observa ela, que não vê concorrentes entre os grandes festivais de música de Portugal (Nos Alive, Primavera Sound). — Nenhum deles tem o perfil parecido com o nosso, são todos mais alternativos. Se o Nos Alive escalou o Pearl Jam (que toca dia 14 de julho), uma banda que poderíamos ter por aqui, nós estamos trazendo os Killers, uma banda que eles poderiam ter.

ANAVITÓRIA ESTREIA NO EVENTO

Entre as atrações do Rock in Rio Lisboa 2018, o Muse é um dos que mais têm atraído o público. Sem lançar álbum desde 2015, a banda liderada pelo vocalista e guitarrista Matt Bellamy tem feito um show com seus grandes sucessos (“Supermassive black hole”, “Time is running out”, “Knights of Cydonia”), espetáculo de luz e animações no telão de LED. Também é muito aguardada a apresentação, amanhã, de Bruno Mars: um frenético coquetel de black music e danças, que os brasileiros puderam ver no ano passado.

A grande estrela que o país-pai do festival leva para Portugal em 2018 é Anitta, que se apresenta também neste domingo. Ano passado, a carioca foi o nome mais lembrado pelo público para substituir Lady Gaga, que cancelou na última hora a sua participação no Rock in Rio. Acabou entrando o Maroon 5 (que repetiu seu show da noite de abertura). Mas agora, dada “a maturidade da conversa” que, segundo Roberta Medina, a artista teve com o festival, ela ganha sua estreia no Palco Mundo de Portugal.

No domingo da semana vem, Ivete Sangalo, praticamente uma residente do Rock in Rio Lisboa, ocupa o Mundo com seu rolo compressor de música baiana. E hoje, no Music Valley, tem mais uma presença feminina brasileira — na verdade, uma presença dupla, a de Anavitória. As cantoras goianas, sensação do indie-folk que arrastam multidões adolescentes Brasil afora, chegam a Portugal embaladas pelos sucesso de “Trevo (tu)”, canção gravada com Diogo Piçarra, que andou tocando bastante por lá.

Quanto ao rock cantado em português, quem terá que defender a pátria é a veterana banda lusitana Xutos & Pontapés, que toca no próximo sábado, no Palco Mundo, com uma homenagem ao guitarrista Zé Maria, falecido no ano passado.