Margareth Menezes, Marivaldo dos Santos e os jovens do Quabales não perderam tempo nesta quarta-feira, dia 24. A intenção era um encontro, na sede do projeto socioeducativo, em Nordeste de Amaralina, em Salvador, para uma primeira conversa sobre o show que farão no Palco Sunset do Rock in Rio, no dia 23 de setembro. No entanto, o que saiu de lá foi um ensaio animado e já quatro músicas previstas no repertório da apresentação: Coco do M, Tieta, Favela Cotidiano e Mar das Palavras. Tudo foi decidido ali, na hora, embalado pela percussão forte e ritmada do Quabales e a voz poderosa de Margareth. A dança, que está muito presente nesta edição do Palco Sunset, também será representada no show, com a Caldeira, dança que usa a linguagem corporal, inspirada em coreografias do STOMP – um dos grupos percussivos mais importantes do mundo e do qual Marivaldo faz parte, e instrumentos musicais não convencionais, criados com material reciclado.

Para Zé Ricardo, diretor artístico do Sunset, o palco cresce a cada edição. “Estamos usando o tempo a nosso favor e as coisas estão acontecendo de uma forma incrível. A energia desse encontro entre o Quabales e a Margareth não vai deixar o público parado. Vimos isso nitidamente neste papo rápido – que acabou virando um ensaio – que acabamos de fazer aqui em Salvador”, afirma. Segundo ele, uma das características do primeiro show do Palco Sunset é, muitas vezes, apresentar novos talentos para o público nacional. “O Quabales é conhecido na Bahia e o Rock in Rio quer dar ainda mais holofote a esses jovens talentos. E o roots da Margareth fará todo sentido nessa junção. Ela chega para endossar o grupo e mostrar que temos muitos talentos incríveis em casa”, diz.

E tanto Margareth quanto Marivaldo, do Quabales, estão ansiosos para a estreia no Rock in Rio. “Minha conversa com o Zé já tem um tempinho, cerca de dois anos, e agora se concretizou. Será uma grande honra para mim participar do festival com esses jovens tão competentes e dedicados”, conta a artista. O fundador Quabales também não esconde a alegria em participar do evento. “Quando o Zé falou que admirava o Quabales e que nos queria no Palco Sunset, fiquei eufórico. Foi nessa primeira conversa que ele já sugeriu o nome de Margareth. Na mesma hora liguei para ela, que estava pronta para entrar numa apresentação. Mas ali mesmo nós já sabíamos que estava tudo certo e que o nosso show no Palco Sunset aconteceria”, disse, mantendo o mesmo contentamento da época do convite.

Quabales
O Quabales é um projeto socioeducativo que incentiva, desde 2012, crianças e adolescentes de uma comunidade de Salvador, Nordeste de Amaralina, a se dedicar à percussão, à teoria musical, ao violão, ao canto e ao break dance. O grupo reúne mais de 50 jovens e usa materiais reciclados, latas de lixo e vassouras para fazer o som. Todo o trabalho é focado na inclusão social a partir da música e da dança.

O grupo foi fundado pelo artista baiano Marivaldo dos Santos, integrante do STOMP (companhia que se mantém em cartaz em Nova Iorque há mais de duas décadas) e pelo professor Bira Monteiro.

Margareth Menezes
Antes de entrar no cenário musical, Margareth Menezes descobriu os palcos através do teatro e, em 1986, despontou no mundo da música com uma pequena turnê pelo interior da Bahia quando, depois de se apresentar ao lado de diversos artistas de renome, recebe o convite para se apresentar no VIII Festival de Música do Caribe. Quando volta ao Brasil, canta com Djalma Oliveira.

Em uma participação no seu single, “Divindade do Egito”, e em 1988, lança seu primeiro álbum, “Margareth Menezes” que lhe rendeu dois troféus Imprensa de Melhor Disco e Melhor Cantora.

Seu disco Ellegibô lança Margareth Menezes para o cenário internacional da música pois alcançou o topo da parada Billboard World Albums em 1990 nos Estados Unidos, onde vendeu mais de dez mil cópias. Tudo isso serviu como base para uma turnê mundial. Sua carreira se consolidou em um ano após o outro rendendo diversos álbuns para o currículo, além de sua independência artística, ou seja, Margareth passou a produzir sem gravadora, mas com o seu selo “Estrela do Mar” e em produção com Carlinhos Brown e Alê Siqueira. Margareth conquistou uma indicação ao Grammy e outra ao Grammy Latino e foi considerada pelo Los Angeles Times como a “Aretha Franklin brasileira”.