Quando Silva sobe ao palco do Theatro NET, há um estouro de aplausos e gritos da plateia. É a segunda vez no mesmo dia que Silva se apresenta, na segunda passagem da turnê pelo Rio de Janeiro. O rápido esgotamento dos ingressos levou à realização de uma sessão extra. Compreensível. Com apenas 29 anos, o capixaba chamou atenção nacional com seu projeto Silva Canta Marisa, quarto álbum de estúdio, onde reinterpreta clássicos de Marisa Monte. Enquanto seu charme e talento são indiscutíveis, a responsabilidade é grande. Silva tem pouco mais de cinco anos de carreira e Marisa já é um ícone da MPB. Mas o show serve para que Silva prove estar à altura. O rapaz completa a tarefa com seu largo sorriso característico no rosto.
O show inicia-se com “Chuva no Brejo” e um arranjo composto apenas de voz e baixo por metade da canção que destaca a habilidade vocal do artista – se você não conhecia o melódico timbre do rapaz, está apresentado. E quando começa a cantar “Ainda Lembro”, fica claro que Silva já conquistou a plateia – composta de fãs seus e de Marisa. E por todas as próximas canções, o aconchegante Theatro Net Rio canta junto. Silva interage e incentiva o coro, que o acompanha em uníssono.
É legal perceber como o show é aparentemente muito simples – com nada além da banda no palco e jogos de luz para criar a atmosfera e pequenas brincadeiras, como o escuro no verso “apague a luz” de “Ainda Lembro”. Mesmo assim, a apresentação é perfeitamente cativante. Parte disso deve-se ao repertório, outra parte ao magnetismo do vocalista, que toca o teclado com seu jeitão solto e suave, transmitindo a sensação aos presentes e deixando o público vidrado, enquanto escuta o artista cantar e compartilhar sobre seus momentos com Marisa – “encontro de dois cancerianos”, por definição do moço. Ele fala também da canção “Noturna”, que escreveu junto a seu irmão e a própria Marisa – a única inédita do disco e portanto a mais recente do repertório, mas que a plateia já conhece e faz coro como em todas as outras. Não raramente escutamos um grito de “lindo”, “gostoso” ou similares.
Na primeira mudança no palco, a banda sai e Silva troca seu teclado por um violão para um pequeno set acústico, contendo “Sonhos” de Peninha (representante da “sofrência antes de a gente chamar assim”, segundo Silva), “Amor I Love You” (que recebe vibração especial do público) e “Bem Que se Quis”. Com o retorno da banda, Silva encontra-se em pé na frente do palco, mais próximo da plateia. Canta duas músicas dos Novos Baianos, “Mistério do Planeta” e “Eu Sou o Caso Deles”, e apresenta a banda (Jackson Pinheiro no baixo, Rodolfo Simor na guitarra e Hugo Coutinho na bateria). O cantor então volta ao teclado para as últimas canções do set – e antes de “Não Vá Embora” Silva diz esperar retornar ao Rio de Janeiro com mais frequência e sente por não ter conseguido ir à praia. Também convida o público a ficar de pé em frente ao palco: “Eu não mordo”, brinca.
Silva e a banda deixam o palco e retornam para o primeiro bis, com “Vilarejo”. Da segunda vez que deixam o palco, porém, apenas Silva retorna para a última canção, dessa vez de seu próprio repertório. “Feliz e Ponto” é apresentada acapela, acompanhada do público cativado, coral que não largou Silva desde o início.
A turnê “Silva Canta Marisa” encerra-se em Vitória, ES, também com sessão dupla, em 3 de Dezembro. Além do álbum, o projeto rendeu um DVD da turnê e disco ao vivo – e duas indicações ao Grammy Latino. Essa fase certamente ficará marcada com louvor na carreira de Silva.
Silva Canta Marisa
Theatro NET Rio, 29/11/2017
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