Que a música é uma linguagem que atravessa fronteiras, já sabemos. Mas alguns artistas atravessam fronteiras na produção de suas músicas, e isso resulta por vezes um impacto em seu trabalho. Esses dois músicos parisienses têm em isso em comum; seus trabalhos mais recentes trazem marcas de um tempo vivido no exterior. Um deles imprime sua experiência nas letras, outro na musicalidade. Conheça agora a melancolia de Yann Cleary e a vibe oitentista de Comett.

Yann Cleary

Com um estilo downtempo e sombrio, o cantor e modelo Yann Cleary tem lançado uma série de singles desde o início do ano. É o primeiro retorno à música com um projeto longo desde o EP “Tokyo”, em 2016 – criado depois de cinco anos morando no Japão. O franco-irlandês foi apadrinhado pelo DJ Laurent Garnier, mas sua linha é diferente dentro da música eletrônica. Nesta série de singles, que contam com a participação da artista de jazz Laura Perrudin, as canções não são feitas para a pista de dança. Os vocais suaves e os beats lentos criam uma atmosfera mais cinematográfica, sensual e misteriosa – enquanto as letras discutem relacionamentos complicados, desencantos e a sensação de fragilidade, inspirados por sua estadia “fora de casa”.

Comett

O multi-instrumentista Alexandre Canola, mais conhecido como Comett, é um artista parisiense que passou anos morando em Dublin e em Londres. E a influência inglesa é perceptível em seus mais recentes singles, parte do disco The Ghost Inside Me. O som eletrônico encontra inspirações tanto na dance music quanto no rock ‘n roll britânico da época. Enquanto as influências são perceptíveis, Comett encontra uma forma de soar contemporâneo e único. Liricamente, o cantor e compositor fala sobre os desafios da indústria musical (The Method), do amor (Love is What You Make it) e do confuso modo de vida pós-moderno (The End of the World).