Dez anos mais tarde os Rolling Stones voltam ao Brasil, mas, diferente de 2006, eles não pararam apenas no Rio de Janeiro. Além do show catártico no Maracanã, eles passaram por São Paulo, com duas noites de shows, e, pela primeira vez, por Porto Alegre.
Há quem acredite que o Rio Grande do Sul é o último reduto do rock’n roll no Brasil. O fato é que o público gaúcho esperou por esse encontro por muito tempo, e quando a hora chegou eles souberam aproveitar ao máximo. Desde cedo uma multidão se amontoava nos entornos do Beira-Rio.
A casa do Internacional foi o local escolhido pelos Stones para a estreia na cidade. Era possível encontrar famílias inteiras, com avós, pais e filhos preparados para o grande encontro. Nem mesmo o fato de ser uma quarta-feira atrapalhou. Por volta das 16h30 os portões foram abertos e o público lotou o estádio.
Assim como no Rio, a banda Doctor Pheabes ficou responsável pela abertura. Em um show curto, pouco mais de 30 minutos, eles aqueceram o palco enquanto o Beira-Rio terminava de encher. Logo em seguida chegou a vez da Cachorro Grande. Desde que souberam que tocariam no show de Porto Alegre, os gaúchos da Cachorro não seguraram a emoção. A hora chegou e eles fizeram bonito.
A banda foi muito bem recebida pela plateia riograndese, que cantou junto em quase todas as músicas. O vocalista Beto Bruno se emocionou no palco e deixou bem claro que aquele era o momento musical mais importante da cidade.
Às 21h em ponto, debaixo de uma chuva torrencial, as luzes abaixaram, o telão acendeu e uma música latina tocando ao fundo entregava, eram os Stones subindo ao palco. “Jumping Jack Flash” foi a escolhida para abrir o espetáculo.
Em um português muito bem articulado, Sir Mick Jagger disse que estava muito feliz por estar ali, que as gaúchas são muito lindas e que viveu coisas impronunciáveis na cidade.
Apesar do começo inusitado, o setlist não foi muito diferente dos outros shows pelo país. Teve a clássica “It’s only rock’n’roll”, “Tumbling Dice”, os acordes distorcidos de “Paint it black”, passando por “Honky Tonk Women”, “Brown Sugar” e “Gimme Shelter” com participação da talentosa Sasha Allen. O público ainda pode votar em uma música para completar o set da noite, e “Let’s Spend the Night Toghether” foi a vencedora.
São Pedro não quis dar trégua e a água não parou de cair por um minuto sequer. Mas isso não fez a menor diferença. O público só ficava ainda mais animado e Jagger e companhia não pareciam se importar em ficar molhados, com exceção de Charlie Watts, que se manteve seco lá na bateria. Destaque pro lendário Keith Richards, que foi ovacionado pelo público e pro sempre charmoso Ronnie Wood.
O bis foi o mesmo em todos os shows. O coral da PUC-RS fez bonito em “You can’t always get what you want”, e a tão esperada “(I can’t get no) Satisfaction” fechou aquela noite emblemática para Porto Alegre.
Não sabemos se levarão mais dez anos para os Rolling Stones voltarem a tocar em solo brasileiro, mas valeu a pena esperar para ter uma aula de música com essas lendas do rock. Aquele 02 de março de 2016 vai ficar pra sempre na cabeça dos gaúchos.
The Rolling Stones
Beira-Rio, Porto Alegre, Rio Grande do Sul
02 de março de 2016
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