A diva tirou o fôlego do público com seu novo show A Voz e A Máquina, que traz um repertório engajado socialmente com músicas marcantes de sua carreira como A carne, e com releituras como Nós, Milagres e Opinião.

Unindo poesia, MPB, samba e temáticas sobre o feminino e o racismo, Elza quer gritar sua força e sua luta. Antes de cantar “A carne mais barata AINDA é a carne negra” a plenos pulmões, a artista escolhe trecho do histórico discurso “Eu tenho um sonho” contra a segregação racial norte-americana do pastor e ativista Martin Luther King. E afirma: “Eu quero ouvir vocês, mulheres. Eu pensei que não fosse mais a carne negra, mas ainda é!”

O público não demora a mostrar a que veio e entoa gritos de “Marielle, presente”, reforçando a denúncia do projeto racista e genocida brasileiro por meio do assassinato a tiros da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL) ocorrido na noite da última quarta,14.

Em seguida, Elza canta Não recomendado e pede: “Não há cura para o que não é doença. Não ao preconceito racial. Não à violência doméstica. Não à homofobia. Não à transfobia. Gritem! Gritem! Façam barulho! Vamos reagir, Brasil!”
Elza não está sozinha.

Pitty e o Feminino

“Cadê meu celular? Eu vou ligar pro 180. Vou entregar teu nome e ensinar meu endereço!” Esses são os primeiros versos da música Maria da Vila Matilde cantados por Pitty em dueto com Elza. A canção é uma denúncia contra a violência doméstica.

Em seguida, os fãs cantam em coro o dueto de Na pele, sobre as vivências e o se fazer mulher, composta pela roqueira e presenteada a Elza.
A roqueira continua sua performance de grandes sucessos de sua carreira, entre eles Na sua estante, do álbum Anacrônico. Mas o ponto alto da performance de Pitty estava ainda por vir. O público vai ao delírio quando a artista brada Me adora, com sua performance apaixonada e contestação ao amor romântico.

O encontro de Elza e Pitty no palco do CCBB foi idealizado por Débora Ribeiro de Lima e Dani Godoy no projeto Feminino. A ideia é reunir grandes artistas de diferentes gêneros, gerações, estilos e lugares do país, reforçando o lugar de luta e de destaque das mulheres no Brasil atualmente. Hoje à tarde, 18, no CCBB do Rio, o projeto continua com a presença de Xênia França que recebe As Bahias.

por Erly Guedes

Pitty e Elza Soares
CCBB Rio, 17/03/2018