Com pontualidade britânica, Andy Bell e Vince Clarke tomaram suas posições no palco e já mandaram logo de cara “Oh L’amour” e “Ship of Fools”, em uma bela abertura que foi suficiente para garantir a devoção da plateia a um repertório que mostrou a importância da arte de se fazer setlist. Afinal, não é tarefa das mais fáceis cobrir uma trajetória de 30 anos em um show de 1 hora e meia.

Os pontos altos claro, ficaram por conta das músicas mais antigas, entre as quais o duo encaixou novidades como “Just a little love” e “Love you to the sky”, quase como em um acordo do tipo “damos os hits, mas também queremos mostrar o que temos de novo”. Alguns desses momentos dispersaram um pouco o público, mas nada que comprometesse o show como um todo.

Como entusiastas de shows que somos, sabemos que para o espetáculo ser bom não basta contar apenas com o fator música. E o Erasure tem esse trunfo a seu favor, o qual atende pelo nome de Andy Bell. O cantor surpreendeu pela voz que parece resistir à passagem do tempo e aliou carisma à performance marcante, sensualizando com suas danças e com o figurino cheio de brilho no início do show, do qual se despiu para uma ousada segunda pele com desenhos que criava a impressão de nudez, coberta apenas por (falsas) tatuagens. Um show à parte.

O contraponto à personalidade over de Bell, Vince Clarke, se destacava de outra forma. Em uma estrutura elevada no palco, o músico manejava discretamente seu sintetizador criando a atmosfera sonora que deixava Bell à vontade para mostrar o que sabe, em uma dinâmica que acaba revelando quem é a mente e quem é o coração no Erasure.

Estrategicamente, o que todo mundo queria ouvir foi guardado para o final, e valeu a pena esperar. “Blue Savannah”, “Always”, “Stop!” e “Sometimes” apareceram quase em sequência e prepararam terreno para o clímax, que veio no bis, como era esperado. “A little respect” encerrou a festa com classe e mostrou a força desse hit que transcende a intenção de extravasar na pista, com um recado poderoso em tempos tão intolerantes.

Erasure, 12 de maio de 2018
Vivo Rio, Rio de Janeiro.

Oh L’Amour
Ship of Fools
Breathe
Just a Little Love
In My Arms
Chains of Love
Sacred
Sweet Summer Loving
Victim of Love
Phantom Bride
World Be Gone
Who Needs Love Like That
Love to Hate You
Take Me Out of Myself
Blue Savannah
Drama!
Stop!
Love You to the Sky
Always
Sometimes

bis
A Little Respect