Dois furacões da música pesada passaram por São Paulo esta semana: os franceses do Gojira e os estadunidenses do Mastodon colocaram as estruturas do Espaço Unimed à prova na véspera do feriado do dia 15. Por falar em furacão, o tempo na cidade paulista era o contrário. A onda de calor que assola o país não poupou a cidade da garoa e apenas no fim da tarde houve um arrefecimento do clima. Isso, todavia, não impediu que os fãs fizessem fila e procurassem o melhor lugar na casa de show, que teve lotação perto da máxima.
Ao contrário do que se esperava (pelo menos por mim), quem abriu os trabalhos da noite foi o Mastodon. O grupo tem uma configuração muito diferente do usual, onde os quatro membros cantam (com exceção do guitarrista Bill Kelliher, que faz poucos vocais de apoio) e o mais ativo nesse quesito é o baterista (Brann Dailor). Ao longo de quase uma hora e meia, o grupo faz um passeio por toda a sua discografia sem priorizar nem mesmo o último álbum, “Hushed and Grim”, que só teve duas canções o representando. Ótimas, inclusive. “Pain With an Anchor” abrindo o show e “More than i Could Chew”, já na parte final.
A forma como a banda divide os vocais geram melodias muito agradáveis e interessantes, aliada a uma composição diferente do que vemos na maioria das bandas de metal e com uma execução ao vivo primorosa. Esses momentos podem ser constatados na épica e longa “The Czar” e mais de seus dez minutos, e na ótima “Streambreather” e seu refrão enérgico e cativante.
Ainda tiveram espaço para surpresas no set, como “Halloween” e “Mother Puncher”, representante do lendário “Remission”, de 2002. O show se encerrou com, claro, “Blood and Thunder”, a música mais conhecida da banda e abrindo rodas no público, que até então estava mais contemplativo.
Em pouco menos de meia hora, o Gojira sobe ao palco. É a quarta vez que a banda vem ao Brasil e a primeira vez fora de um festival. A última vez que vieram, foi no Rock in Rio do ano passado (que você pode ler a nossa resenha aqui). As duas vezes anteriores também foram no RiR e no primeiro Monsters of Rock, em SP.
Se aproveitando do Hype da música “Amazonia” no Brasil e se fazendo valer da condição de headliner, os franceses fizeram pouco mais de 1h30 de show. Focando no último álbum, “Fortitude”, a banda começou com a ótima “Born for one Thing” e até o meio do show, fizeram uma homenagem aos fãs mais antigos, com as ótimas “Flying Whales” e “Backbone”, do álbum “From Mars to Sirius”, de 2005.
A banda, tocando seu metal progressivo, extremo e por – muitas – vezes experimental, faz um show bruto, violento e que por vezes convida a contemplação e reflexão, coisa que só mesmo o Gojira é capaz de fazer. Músicas como “Stranded” e “The Cell” tem momentos de puro peso e passagens experimentais e com forte apelo atmosférico.
Duas surpresas no set animaram: “Oroborus” e “The Heaviest Matter of the Universe” na parte final do show antecederam Amazonia e seu clipe com imagens da luta por demarcações de terras indígenas na floresta. Ao fim, “Gift of Guilt”, uma bóia de baleia e um barco que levou o vocalista Joe Duplantier pela plateia encerraram a apresentação, que foi arrebatadora e fechou essa batalha de gigantes do jeito que deveria ser: apoteótica.
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