A excêntrica e eclética banda liderada por Billy Corgan não teve sua popularidade tão bem envelhecida nas duas décadas seguintes, mas nos anos 90, o The Smashing Pumpkins foi um dos grupos mais aclamados e populares, vendendo milhões de álbuns, tendo hits em diferentes charts e por um curto período de tempo, sendo a banda mais popular do mundo.

Formada em 1988 em Chicago, Illinois, pelo líder/ditador Billy Corgan, o nipo-andrógeno Jame Iha, a baixista D’arcy Wretzky e o aclamado baterista Jimmy Chamberlain, os Pumpkins lançaram seu primeiro álbum, Gish, em 1991.

O álbum, produzido por Butch Vig (que produziria também Nevermind do Nirvana e seria fundador da banda Garbage), foi aclamado por misturar toda a trajetória do guitar rock dos anos 70 até os anos 90, tratando clássicos como Led Zeppelin, The Cure, David Bowie e Pink Floyd e contemporâneos do rock alternativo como Jane’s Addiction e My Bloody Valentine como se fossem a mesma coisa. Gish foi aclamado, mas teve vendas modestas e o próximo álbum seria decisivo para o futuro da banda.

Sob forte tensão – Corgan sofria de depressão, James e D’arcy tinham acabado de terminar um relacionamento e Chamberlain abusava de drogas – o Smashing Pumpkins gravou um dos discos mais aclamados e queridos dos anos 90 em Siamese Dream, mais uma vez sob a produção de Butch Vig, lançado em 1993. Mais uma vez misturando indie, shoegaze e dreampop com trash rock, metal e prog-rock, o disco mais pessoal e dramático que tocava em traumas de infância, problemas com depressão e crises existenciais.

Com o som mais limpo e acessível, Siamese Dream fez a banda explodir, entrando no Top 10 da Billboard, vendendo 4 milhões de cópias e colocando hits como Today, Cherub Rock e Disarm em extensa rotação nas rádios e na MTV.

O projeto mais ambicioso da banda veio em 1995, com o disco duplo Mellon Collie and the Infinite Sadness, cobrindo dezenas de estilos musicais diferentes e escancarando o ecletismo da banda. O álbum conceitual, com o primeiro disco simbolizando o dia e o segundo a noite, foi criticamente aclamado, vendeu 10 milhões de cópias (sendo um dos discos mais vendidos da década) e gerou hits de diferentes estilos: seja o new wave de 1979 e Thirty-Three, o grunge de Zero e Bullet With Butterfly Wings ou a sinfonia triste de Tonight Tonight, as músicas (e vídeos, intensamente criativos) do Smashing Pumpkins estavam por todos os lugares em 1995 e 1996 e a banda chegou ao topo.

Em contraponto a atitude punk de bandas como Sonic Youth, Hole e Nirvana, o Smashing Pumpkins se levava a sério e seus álbuns conceituais, dramáticos e megalomaniacos dialogavam com adolescentes que não escondiam os sentimentos atrás da ironia. Em 1997, a banda teve dois hits em trilhas sonoras, The End is The Beginning Is The End (em “Batman e Robin”) e Eye (em “Lost Highway”), mas a decadência logo começaria.

Gravando o quarto disco, Adore, sem o baterista Jimmy Chamberlain, internado após uma overdose, Billy Corgan arriscou uma sonoridade mais eletrônica, abandonando guitarras pesadas. O álbum, que saiu em 1998, foi aclamado e aceito por fãs décadas depois, mas na época, a banda foi intensamente criticada por “abandonar o rock”.

O disco seguinte, MACHINA, lançado em 2000, tentaria retornar às guitarras, mas sem sucesso: vendeu mal e o rock alternativo dos Pumpkins perdera popularidade para novos atos do nu metal como Limp Bizkit e Korn. A banda acabou após sua última turnê, já sem a baixista D’arcy substituída por Melissa Auf Der Maur, do Hole.

Billy Corgan seguiu com dois projetos ignorados pelo grande público – o supergroup Zwan e o álbum solo eletrônico TheFutureEmbrace – antes de reunir o Smashing Pumpkins em 2006, sob o choque de chamar apenas Jimmy Chamberlain da formação original. Billy e os fãs mais dedicados alegaram que, de qualquer forma, Billy gravou a maioria das guitarras e baixos dos álbuns originais do Smashing Pumpkins, com James e D’arcy sendo praticamente integrantes ao vivo.

Mas não adiantou, com o pesado Zeitgeist, lançado em 2007, sendo um flop de vendas e negativamente recebido por fãs e críticos. O projeto conceitual Teargarden by Kaleidyscope seguiu em 2009, com lançamentos semanais de novas músicas, também virtualmente ignorado até pelos fãs mais antigos da banda, e embora o álbum seguinte, Oceania, de 2012, tenha sido mais bem recebido, em nenhum momento a banda sequer chegou perto da grande popularidade que teve nos anos 90.

O discreto Monuments to an Elegy saiu em 2014 e, apesar de bons reviews, teve as piores vendas da banda até então. Para o futuro da banda, rumores apontam uma reunião entre os 3 integrantes originais (Jimmy Chamberlain chegou a voltar a tocar ao vivo com a banda em 2015, e James Iha participou de shows em 2016) e também planos para um segundo álbum solo de Corgan, que depois dos anos 90 chama mais atenção por entrevistas polêmicas do que pela sua música, mas tem seu legado entre os grandes assegurado pelo forte corpo de trabalho construído na sua década de ouro.

Passagens pelo Brasil

O Smashing Pumpkins teve 4 passagens pelo Brasil, fazendo um total de 9 shows pelo país: a primeira veio no auge da popularidade da banda, no festival Hollywood Rock, como headliners ao lado do The Cure, em 1996, fazendo um show no Rio e outro em São Paulo. A segunda veio 2 anos depois, quando a banda tocou mais uma vez nas duas principais cidades do Brasil, também se apresentando no extinto Programa Livre.

A volta veio após a reunião, com a banda se apresentando como headliner do Planeta Terra em 2010, junto com os desafetos Pavement, cujo Billy prometeu (e não cumpriu) uma briga física nos bastidores. A última veio com 3 shows, em São Paulo, Brasília e Rio, em 2015, quando a banda foi headliner do Lollapalooza.