Há mais de trinta anos, um trio formado em Seropédica tinha um sonho: tocar no palco do Circo Voador. O sonho foi realizado. O trio mais longevo do Brasil sem mudar de formação não só conquistou o icônico palco da Lapa, como também tornou-se reconhecido internacionalmente, tocando inclusive no palco do Festival de Montreux. Hoje, Os Paralamas continuam por aí, pulsantes e épicos, fazendo história.

Neste último sábado, participei de mais um capítulo desta história cheia de rock n’ roll e desafios. O cenário no Rio não podia ser diferente: o Circo Voador. A banda se apresentou no formato power trio, só os três integrantes como protagonistas, sem convidados, sem telões ou efeitos especiais. Hebert Vianna (guitarra e vocal), Bi Ribeiro (baixo) e João Barone (bateria) subiram ao palco e fizeram uma apresentação impecável com duração de quase duas horas de som paralâmico.

Ao todo, o setlist contou com trinta músicas. O trio começou a noite com “Óculos”, “Meu erro” e “Fui teu”. Essas três primeiras músicas fazem parte do álbum “O Passo do Lui” (1984), que é o segundo álbum da banda. Outros sucessos acumulados em anos de estrada também empolgaram a galera, como “Lanterna dos afogados” e “A novidade”, bem como o hit dançante “Alagados”, que é uma mistura de pop africano e samba-reggae. Todas essas músicas, sem exageros, tiveram 100% de participação coral do público.

Como marca registrada, Os Paralamas não deixariam de fora as músicas com letras ácidas de cunho político. Nesta linha, o power trio presenteou os fãs com “Selvagens” que, embora tenha sido lançada em 1986, permanece atual e oportuna neste período de crise (política, econômica e social) presente no país: “A polícia apresenta suas armas (…), o governo apresenta suas armas (…), os negros apresentam suas armas”. Outra faixa presente no show que segue a mesma linha crítica é “Calibre”, versando sobre a violência urbana.

Neste mesmo capítulo da carreira do trio, houve momentos para cenas românticas. O trio meio-carioca-meio-brasiliense ofereceu algumas músicas sob medida para os apaixonados. Na plateia, os casais trocavam olhares apaixonados, abraços longos e beijos ao som das baladas “Cuide bem do seu amor”, “Aonde quer que eu vá” e “Um amor, um lugar”.

Os três músicos ainda apresentaram algumas releituras como “Little wing” de Jimi Hendrix e “Running on the spot” do grupo The Jam. Outros covers fizeram parte da trilha: “Life during wartime” do Talking Heads e “Cuando pase el temblor” do extinto trio argentino Soda Stereo. Da mesma forma, Legião Urbana e Lulu Santos Foram homenageados com “Ainda é cedo” e “Tempos modernos”, respectivamente. No último momento do show, “Vital e sua moto” apareceram no Circo e atravessaram os arcos cariocas.

Posso dizer que vivi uma noite memorável: o power trio Paralamas tocou o tempo todo com prazer e transpareciam a tranquilidade de quem está junto há mais de três décadas. Hebert e seus companheiros estavam visivelmente felizes e emocionados no palco do Circo Voador, agradeceram o carinho do público e a conexão que tem com seus fãs no dia a dia. E eu desejo vida longa aos Paralamas!

Paralamas Trio
05 de novembro de 2016
Circo Voador, Rio de Janeiro

Confira o roteiro seguido:

  1. Óculos
  2. Meu erro
  3. Fui eu
  4. Vovó Ondina é gente fina
  5. Romance ideal
  6. O rouxinol e a rosa
  7. Dois elefantes
  8. Cuide bem do seu amor
  9. Seguindo Estrelas
  10. Selvagem
  11. O Calibre
  12. Mensagem de amor
  13. Running on the Spot (The Jam cover)
  14. Caleidoscópio
  15. Longo Caminho
  16. Aonde quer que eu vá
  17. Viernes 3 AM (Serú Girán cover)
  18. Lanterna dos afogados
  19. Mr. Scarecrow
  20. Little Wing (Jimi Hendrix cover)
  21. Um amor, um lugar
  22. A novidade
  23. Alagados
  24. Sinais do Sim
  25. Cuando Pase El Temblor (Soda Stereo cover)
  26. Ainda é Cedo (Legião Urbana cover)
  27. Life During Wartime (Talking Heads cover)
  28. Tempos modernos (Lulu Santos cover)
  29. See Me, Feel Me (The Who cover)
  30. Vital e sua moto