A primeira noite do C6 Fest foi uma experiência imersiva de música eletrônica com 2 atrações icônicas: Kraftwerk e Underworld. A emblemática banda alemã Kraftwerk foi a primeira atração do festival, iniciando sua participação pontualmente com o público vibrando já nos primeiros acordes de “Numbers”. É realmente fascinante estar diante de uma banda que habita o nosso imaginário musical por décadas, com sua tríade conceitual ímpar formada por um som futurista, letras minimalistas e show de luzes. 

Kraftwerk apresentou uma qualidade sonora excepcional com um setlist composto por hits que marcaram gerações e inspiraram  diversos artistas e a gente também, tanto musicalmente quanto esteticamente. Daft Punk, Depeche Mode e David Bowie já reconheceram a importância do quarteto formado nos anos 70 e que é  liderado por Ralf Hütter. 

Não é à toa que a cada nota tocada, ficava evidente o motivo deles serem considerados gigantes. “Spacelab” foi a segunda faixa do show e já estávamos imersos num universo sonoro e estético único: hipnotizados pelos sintetizadores e  pela projeção de um disco voador se aproximando da Terra, aterrissando no Rio De Janeiro; era a nave do Kraftwerk. Todo esse show de luzes milimetricamente orquestrado com as melodias é obra do integrante Falk Grieffenhagen.

A apresentação continuou com “The Man Machine”, que também faz parte do sétimo álbum de estúdio da banda, lançado em 1978. Do mesmo álbum, “The Model” e “The Robots” não poderiam faltar, claro!!! Aliás, podemos dizer que ambas as músicas marcaram o clímax da noite, já que foi nesse momento em que o Vivo Rio deu espaço para a sinergia entre o passado, presente e futuro; o salão não só virou uma espécie pista de dança nostálgica e empolgada dos anos 70/80, mas também trouxe com sua essência reflexões filosóficas sobre o relacionamento entre o homem e a tecnologia, tema super atual e urgente na era do ChatGPT, das redes sociais e de aplicativos de relacionamento. Inclusive, podemos dizer que o Kraftwerk foi visionário ao perceber há décadas o impacto que a tecnologia iria ter na cultura e nos relacionamentos interpessoais; temas que perpassam a estética e o conceito da banda. 

“The Robots”, por exemplo, fala sobre a ideia de automatização e a possível substituição do trabalho humano pela tecnologia. Já “The Model” explora as temáticas da indústria da moda, ideal de beleza e perfeição. Assim, apesar do grupo ter uma abordagem mais impessoal, suas músicas trazem críticas à alienação social e à padronização cultural. Não é por acaso que em 2016 a banda foi classificada como “mais influente que os Beatles” pelo The Guardian. E ao vivo, vivenciamos isso: Kraftwerk é influente e nos afeta (para usar o verbo da moda) por meio de sua sonoridade dançante, suas imagens hipnotizantes e palavras provocantes sobre o futuro-presente, cheias de significados.

Kraftwerk no C6 Fest
Vivo Rio, Rio de Janeiro, 18 de maio de 2023.

  • Numbers / Computer World
  • Spacelab
  • The Man-Machine
  • Autobahn
  • Computer Love
  • The Model
  • Tour de France 1983 / Prologue / Tour de France Étape 1 / Chrono / Tour de France Étape 2
  • Trans Europe Express / Metal On Metal / Abzug
  • The Robots
  • Planet of Visions
  • Boing Boom Tschak / Music Non Stop