Ainda tem muita gente assimilando a idéia, sem acreditar no que viu: pode ser meio exagerado, mas é só perguntar para quem esperou anos por esse show e que ficou esse tempo todo se contentando apenas com álbuns ao vivo. É fato que o Pearl Jam não tem mais aquela energia do início da carreira, afinal, já se passaram mais de dez anos desde o lançamento do “Ten”. No entanto, o que se viu em palco não deixou a desejar, muito pelo contrário: já no início do show, a banda colocou o público pra pular e cantar com “Do the evolution”. Aliás, parecia que todos sabiam cada música de cor.

Como é característico dos shows, o repertório privilegia toda a carreira da banda, desde as músicas mais famosas até aquelas que só os fãs mais fervorosos conhecem. Mas, para alívio de todos, ouviu-se “Black”, “Alive”, “Jeremy” ,“Even Flow” e “Daughter”; tudo isso na mesma apresentação (!). É difícil tentar registrar cada momento, mas uma coisa certamente ficará retida na memória de quem foi: o carisma de Eddie Vedder. Se ele já era querido pelos fãs, agora os conquistou definitivamente. Sua tentativa em falar um português, por vezes incompreensível ou ainda demonstrar a sua comoção em relação ao público (certamente não era apenas emoção de quem não estava tão sóbrio assim…), foram os pontos altos do show; além é claro, do momento em que se cobriu numa bandeira do Brasil e quando prometeu voltar para outras apresentações, não deixando de criticar a política de seu país ao dizer: “Quando nós voltarmos aqui o mundo será melhor, porque George Bush não será mais presidente”.

Voltando às músicas, ainda teve cover do Ramones, do The Who e uma jam com os integrantes do Mudhoney numa música do MC5, que aliás foi a banda que abriu o show. A propósito, não poderia deixar de comentar a apresentação do Mudhoney, que também foi muito legal, apesar de não ter empolgado tanto o público. Mas pra quem gosta do som dos caras, valeu a pena. Não podia ser outra banda abrindo o show (que dia para os órfãos do grunge…). É claro que algumas faltas foram sentidas no set list, como “RVM”, “ I am mine” e “State of love and trust”, mas pra remediar isso, só com um dia inteiro de show, o que é humanamente impossível, infelizmente.

Enfim, poderia ficar aqui escrevendo o dia inteiro sobre esse show, que não daria conta de descrever o quanto foi bom. Agora, é só organizar o abaixo-assinado para o impeachment de Bush, pra banda voltar o mais rápido possível… Sonhar é tão bom…

Pearl Jam
Praça da Apoteose, Rio de Janeiro
05 de dezembro de 2005

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