Quando nasci o The Who já tinha mais de 20 anos de carreira e depois da noite de ontem, só posso dizer: Que ótimos tempos pra viver esses em que o The Who ainda existe.

Pouco antes das 21h30, horário marcado para o início do show do grupo, o palco do São Paulo Trip 2017 ganhou luzes e história. Trechos da trajetória da banda, prestes a se apresentar pela primeira vez no Brasil, preparavam o público para receber não só músicos, mas parte da história viva do rock mundial.

As cenas nostálgicas no telão mostravam os britânicos Pete Townshend, Roger Daltrey, John Entwistle e Keith Moon, ainda garotos, mas já poderosos, destruindo guitarras e baterias, mas construindo um dos maiores legados da música dos quais se tem notícia. Sim, pode parecer exagero, mas essa resenha definitivamente não se trata de um texto jornalístico imparcial.

Pontuais, como já esperava-se, o The Who abriu seu primeiro show no Brasil com I Can’t Explain, seguida por The Seeker e Who Are You. Não houve apresentações ou tempo para respirar; Roger Daltrey e Pete Townshend eram enfim os ‘reais’ pilotos de uma viagem, ou noite – como queira chamar, inesquecível.

A resposta dos fãs, que infelizmente não lotaram o Allianz Parque, poderia ser classificada em três estágios distintos: emoção, euforia e choque. Enquanto alguns, visivelmente emocionados, sentiam os olhos marejarem, outros curtiam em êxtase estáticos em observação ou elétricos e em movimento. Presenciar os grandes, ainda mais depois de uma espera de mais de 50 anos, é realmente um momento ímpar.

Reservados, mas de nenhuma maneira frios, Pete e cia cumprimentaram senhores, senhoras, jovens e até crianças, que formavam seu público, destacando o prazer de estar no país pela primeira vez “Em meu nome, no do Roger e de toda a banda, estamos muito felizes por estar aqui com vocês”.

Donos de inúmeros hinos do rock, o The Who pode escolher seu repertório de olhos fechados e ainda assim agradar seus fã. Entre as canções, que embalaram velhas, novas (e futuras) gerações, sucessos como My Generation, Love, Reign O’er Me, Join Together, Bargain, See Me, Feel Me, Behind Blue Eyes e Baba O’Riley arrancaram gritos, vozes e lágrimas.

Depois de quase meio século, parecia óbvio não esperar tanta energia dos septuagenários músicos. Entretanto – grata surpresa – as acrobacias com o microfone e a voz poderosa de Daltrey estavam presentes, assim como os saltos e o, inconfundível, braço giratório de Townshend. Não iguais, claro, mas sobreviventes respeitáveis dos tempos de ouro do rock.

Na companhia dos gênios, uma banda fantástica, formada por talentos de várias gerações, inclusive pelo extraordinário Zak Starkey, que certamente deu orgulho a Keith Moon – esteja onde estiver, quando morrer também quero ir pra lá. Para quem esteve na apresentação em São Paulo, um orgulho presenciar tantos talentos reunidos, e para quem os espera do Rock in Rio, preparem-se para uma das melhores noites de suas vidas.

Foram praticamente 2 horas de show, com direito a bis – 5.15 e Substitute – e dá pra dizer, sem medo, que o The Who não é somente uma das maiores bandas da história, mas um encontro sagrado entre a vida e a música.

The Who
São Paulo Trip, Allianz Parque
21 de setembro de 2017

I Can’t Explain
The Seeker
Who Are You
The Kids Are Alright
I Can See for Miles
My Generation
Bargain
Behind Blue Eyes
Join Together
You Better You Bet
I’m One
The Rock
Love, Reign O’er Me
Eminence Front
Amazing Journey/Sparks
Pinball Wizard
See Me, Feel Me
Baba O’Riley
Won’t Get Fooled Again
5.15
Substitute