A sexta, 27 de outubro, terminou animada para os cariocas fãs de John Mayer. Completando sua tour em território brasileiro, que passou por São Paulo, Curitiba, Porto Alegre e Espírito Santo, Mayer deu ritmo e cor ao público animado que lotou até as cadeiras mais altas da Jeunesse Arena, na Barra da Tijuca.

O show de abertura ficou por conta dos violonistas mexicanos Rodrigo y Gabriela, que conduziram uma apresentação forte e incluíram instrumentais de canções clássicas como “Killing In The Name Of” do Rage Against the Machine.

Foi um casamento perfeito com Mayer, conhecido também por suas habilidades na guitarra e no violão, dentre outras coisas. As polêmicas fizeram sua carreira quase estagnar em algumas ocasiões, mas o norte-americano deixa claro no palco a razão do seu sucesso contínuo. Simpático e sorridente, conduziu um show de duas horas no ápice do seu entusiasmo.

Também pudera! O cantor celebrou aqui no Brasil o seu aniversário de 40 anos. Na vinda anterior, em 2015, quando tocou no Rock In Rio e em São Paulo, Mayer passava por um período menos favorável na carreira. De volta em 2017, o músico, que já declarou estar satisfeito com o trabalho no último álbum “The Search of Everything”, parece mais leve e à vontade com o seu próprio repertório. Se os setlists nos demais shows pelo Brasil alternaram entre músicas do início até o momento atual da sua carreira de forma primorosa, no Rio de Janeiro a escolha do repertório atingiu o seu máximo.

Da antiga “Split Screen Sadness”, tocada ao vivo pela última vez em 2007, para Cross Road Blues, cover de Robert Johnson e a sentimental “Stop This Train”, Mayer seguiu um roteiro consistente e que conseguiu extasiar desde os muitos casais na platéia até os fãs do seu lado mais blues.

A estrutura quase que roteirizada foi o que possibilitou uma transição suave entre todos os momentos do show. Já na introdução ficou clara a proposta: dividir a apresentação como pequenas partes de um filme, um documentário organizado através de capítulos. Um elemento foi essencial para corroborar essa ideia: a cada segmento do show, um grande telão, único recurso cenográfico presente, além da iluminação, apresentava o capítulo para o qual o público iria se direcionar. E assim, foi dividido entre “Full Band”, “Acoustic”, “Trio” e a volta da “Full Band”.

Cada uma dessas divisões engrandeceu as músicas e aproximou o artista do seu público. A cada nota que se iniciava, a platéia comemorava a oportunidade de cantar e viver aquele momento com Mayer. O cantor, inclusive, num de seus papos descontraídos durante o show, comentou o quanto a música ganha vida e se modifica de acordo com a audiência e sua energia, elogiando a perfomance dos cariocas que cantavam a todo vapor.

Um dos destaque da noite, o John Mayer Trio, composto também pelo baixista Pino Paladino e o baterista Steve Jordan, duas lendas da música já conhecidas e aclamadas pelo público, representaram a porção mais enérgica do set, tendo “Vultures” como destaque entre as três escolhidas.

O ponto alto da apresentação foi o Capítulo 4, que marcou a volta da full band e fez uma espécie de fechamento do show composto apenas por canções do aclamado álbum Continuum, para muitos o melhor da sua carreira. “Slow Dancing In A Burning Room” foi introduza pela amada Comfortable, cantanda por David Ryan Harris, possivelmente pelo fato de Mayer ter tido um grave problema de saúde nas cordas vocais há alguns anos que o limitou especialmente nos agudos.

“Gravity”, a décima nona música do set, finalizou o show no tom certo e garantiu a felicidade dos fãs, desde os mais puristas aos que estavam lá para ouvir os grandes hits.

A sensação que ficou é a de que, apesar de ter tocado numa grande arena, Mayer conseguiu estabelecer uma relação próxima e de intimidade com a platéia. Conversou, cantou, deu parabéns a uma fã com um cartaz peculiar, enalteceu seus músicos e se mostrou mais confortável do que nunca em ser o artista que é.

John Mayer
27 de outubro de 2017
Jeunesse Arena, Rio de Janeiro