A espera acabou. Finalmente o Metallica chegou em Belo Horizonte, e a expectativa de um Mineirão lotado era única: o êxtase de uma noite histórica. Eu mais de 60 mil pessoas ao meu redor compartilhavam do mesmo sentimento.

Os portões foram abertos às 15h e o público empolgado com o retorno dos shows presenciais tomou conta do estádio. Por volta das 18h30, a banda Ego Kill Talent subiu ao palco para o show de abertura.

A representante brasileira na WorldWired Tour 2022. À vontade no palco, os paulistanos fizeram uma apresentação vigorosa e que aqueceu o público para a grande noite de rock.

Eis que abrindo o grande show da noite, sobe ao palco o Greta Van Fleet, grande destaque do rock atual, que em seu show abre uma máquina do tempo de volta aos anos 70.

Não acompanho o trabalho da banda, mas confesso que me surpreendi com um grande espetáculo. O quarteto norte-americano de hard rock com o talentoso Josh Kiszka no vocal abrilhantou com uma sonoridade que é impossível não lembrar um Led Zeppelin.

O repertório contou com “Built by Nations”na abertura e fechou com o sucesso  “Highway Tune”, que foi seguido em coro pelo público mineiro. Grande show, mostrando que o rock and roll não está morto, mas que devemos olhar com mais carinho para as bandas atuais.

Após 30 minutos de espera, a clássica “It’s A Long Way To The Top (If You Wanna Rock ‘n’ Roll)” do AC/DC é tocada, como uma contagem regressiva para enfim o Metallica entrar ao palco.

Fim da canção, as imagens do western de 1966, “The Good, the Bad and the Ugly” aparecem no telão, com a trilha de abertura “Ecstasy of Gold”, de Ennio Morricon, marca registrada dos shows do Metallica desde os anos 80. E o público acompanha em uma só voz.

Boom, a explosão sonora toma conta do Mineirão. Para a surpresa de todos, “Hardwired” é a primeira faixa. Diferente das outras cidades, onde “Whiplash” foi a música de abertura.

Contudo, a faixa título do décimo álbum de estúdio do Metallica não deve em nada em questão de peso e literalmente eu já estava rodando a cabeça embalado pelos riffs.

“Ride The Lightning”, faixa-título do álbum de 1984  continuou a apresentação. A segunda surpresa veio em seguida com “Wherever I May Roam”  do clássico Black Álbum (1991).

Pronto, o Metallica já conquistou de vez o público da capital do metal no Brasil. E antes que discorde de mim, isso foi reforçado pelo próprio James Hetfield, citando a grande jóia de nossa música.

“Esta é a casa do Sepultura, não é mesmo?” É isso aí, e dá-lhe “Seek and Destroy”! E dá-lhe mais clássicos.

O set list em Belo Horizonte foi conduzido pelo álbum “Ride The Lightning”. Além da faixa-título, apareceram “Fade to Black” (para a minha maior alegria), “For Whom the Bell Tolls”, Creeping Death” e “Fight Fire With Fire”, com direito à introdução, que sem dúvida foi a maior surpresa da noite!

Esse momento também foi muito especial para Hetfield, que estava emocionado. Anteriormente, conversou com o público sobre os problemas com vício que enfrentou recentemente.

“Se você está passando por um momento difícil, saiba que você não está sozinho”. Aplaudido, ele ainda recebeu o abraço dos colegas de banda no palco e um abraço simbólico de todo o Mineirão. Lindo demais.

Mas além desse, o Black também foi destaque, com as já esperadas  “Sad But True”, “The Unforgiven”, “Nothing Else Matters” e “Enter Sandman”.

Até o Death Magnetic (2008) foi relembrado nesta apresentação final no Brasil, com a faixa “ Cyanide”.

Entrega total posso resumir essa grande apresentação do Metallica. Em mais de 40 anos de estrada, a banda ainda tem muita energia, com a guitarra de Kirk Hammett, baixo de Robert Trujillo e a bateria de Lars Ulrich.

Fechamento de uma noite que entrou para a história de todos, dos mineiros da banda e de milhares de pessoas que assim como eu, tiveram a oportunidade de conferir essa lenda do thrash metal em vida e apreciar uma aula de música, energia e peso que só o metal pode proporcionar. Vida longa ao Metallica!

Texto de Jéssica Alves