A missão era: cobrir o show do Metallica como repórter. Coisa que nunca fiz já que sou fotógrafo, seria um desafio diferente e não abriria mão de realizar a cobertura de um show desse porte.
O Morumbi é um estádio interessante pra shows, o vento frio que ronda aquele gramado que por tantas vezes já senti fotografando futebol pairava por lá no show de abertura com a competente banda Ego Kill Talente que num show curto de 7 músicas, uma pena, em 30 minutos que serviu bem de entrada para o que viria um pouco mais tarde com os donos do palco. Destaques para as poderosas “Sublimated” e “Lifeporn” ainda melhores que nas versões de estúdio.
O Ego Kill Talent poderia estar facilmente no lugar do Greta Van Fleet, que musicalmente é bem diferente do que era apresentado na noite.
Não vou ser clichê de falar que a inspiração dos Gretas no Led Zeppelin é forte demais, mas o vocal de Josh Kiszka remete demais aos de Mr. Plant. A identidade visual da banda leva à essas comparações setentistas, postura no palco e tudo mais. Um show meio morno, um anticlímax para esfriar a empolgação do Morumbi que ia lotando à espera do Metallica. O show iniciou com “Built by Nations” do disco mais recente da banda, mas o ápice da chatice veio com “The Weight of Dreams” que azedou o humor deste que vos escreve com intermináveis mais de 8 minutos arrastados como quase todo o show em si. Sem contar a famosa corrida do vocalista de um lado ao outro do palco com o seu pandeirinho na mão, que foi arremessado para o público depois da performance manjada, pra encher linguiça nos 50 minutos de apresentação. A micro empolgação apareceu somente “Highway Tune” já que era a última música, e o hit que tanto despertou as comparações já ditas acima. Sad, but true…
Com atraso de quase 20 minutos e um AC/DC de introdução pra dar um gás nas cabeças headbangers grisalhas dominantes no estádio, começa o que seria um filme muito bem roteirizado no gigantesco palco. A trilha e cena final do bang bang à italiana de Três Homens em Conflito seguida de “Whiplash” já entregava o que seriam as próximas (quase) 2 horas. Com “Ride The Lightning” e “Fuel” o Morumbi lotado pegou fogo literalmente com as surpreendentes labaredas lançadas de todos os lados. Só essa trinca inicial valeria o rolê até o distante Estádio do Morumbi.
O palco gigantesco, com cinco telões impressiona assim como a qualidade sonora, o Metallica preencheu o palco lindamente, James Hetfield revesava a apresentação nos cinco microfones ao longo do palco e Lars Ulrich dando um show a parte na bateria fazendo as vezes de frontman entre as músicas e no decorrer delas. Robert Trujillo com seu estilão funk rock e Kirk Hammett elegante e preciso na guitarra, mostram que o Metallica envelhece muito bem. O desenrolar do show foi fácil demais pra banda, que se mostrava confortável na apresentação e o público igualmente.
A cada música era um impacto visual, com cortes de câmera e cenas nos telões pra complementar a experiência tudo muito sincronizado e fluído. “One” e “Welcome Home (Sanitarium)” com projeções impactantes marcam a parte final antes de “Master of Puppets” que encerra o show antecendendo o famoso bis. O que viria ? “The Unforgiven” não ficaria de fora não é mesmo? Pois é, ficou. Mas e daí ?
Só “Spit Out the Bone”, “Nothing Else Matters” e “Enter Sandman” pra encerrar o épico roteiro desenhado pelos tiozinhos do metal, e depois disso nada mais importa e obrigado São Paulo.
Foi um show impactante e inesquecível que entrega a experiência completa que um show desse porte deve entregar e que você espera de um gigante da música mundial. Evitei ler e ver qualquer coisa sobre essa turnê e recentes apresentações pra ter o impacto real do show. Até a frustração de não ter fotografado o show passou no caminho de volta pra casa, tinha uma boa história pra contar e não seria com imagens desta vez, algumas poucas de celular pra recordar. Ao final a pergunta que fica é: Quando vai ter de novo?
Texto de Marcello Fim
Setlist Metallica @Estádio do Morumbi São Paulo – 10/05/2022
Whiplash
Ride the Lightning
Fuel
Seek & Destroy
Holier Than Thou
One
Sad but True
Dirty Window
No Leaf Clover
For Whom the Bell Tolls
Creeping Death
Welcome Home (Sanitarium)
Master of Puppets
BIS:
Spit Out the Bone
Nothing Else Matters
Enter Sandman