É incrível o poder que Black Alien tem. O cara consegue zerar os ingressos do Circo Voador em alguns dias. Não é a primeira vez que isso acontece (isso já aconteceu no show do ano passado, que você pode ver a nossa cobertura aqui), e certamente não será a última. Ainda mais ontem, quando o rapper cantava pela primeira vez as músicas do ótimo “Abaixo de Zero: Hello Hell”. O álbum, lançado este ano, vem sendo considerado o melhor álbum de rap de 2019 e figurando entre os grandes lançamentos deste período pela crítica especializada.

A abertura da noite ficou a cargo de ninguém mais, ninguém menos que De Leve. O rapper de Niterói (lugar de origem também de Black Alien) começou a sua carreira no grupo Quinto Andar com outros artistas com Shawlin e Marechal. Fazendo um set conciso, De Leve entregou ao Circo Voador clássicos da sua carreira solo e também do período enquanto estava n’O Quinto Andar, como “A Lenda”.

Era pouco antes de uma hora da manhã quando Gustavo AKA Black Alien entrou no palco do Circo Voador acompanhando do cobiçado Papatinho (ex-ConeCrewDiretoria) nas carrapetas. Vale dizer que o jogo de luz também entrou em palco com o rapper, pois a escolha certeira e minuciosa de um sistema de iluminação certo para o show fez com que a grandiosidade de Gustavo se sobressaísse. É incrível como o músico consegue ocupar, sozinho, todos os espaços do palco. É a entrega definitiva de um show sensorial.

O show começa om a trinca “Area 51”, “Take Ten” e “Aniversário de Sobriedade” (todas do último trabalho). O rapper despeja toda a carga emocional do registro, que fala muito sobre a luta diária contra o vício narcótico que teve até o fim de 2014. Apesar de ser de um clima opressivo e denso, a positividade do álbum reflete-se na resposta do público num Circo Voador em ebulição.

Em “Que nem o Meu Cachorro”, Black Alien diz: “Black Alien já vai tarde/já passou o seu momento/Significa que o cidadão não tem conhecimento”, e realmente era um retrato fiel do público. Diferente de outros artistas como Djonga e Baco Exu do Blues, o público do rapper carioca vai de adolescentes a uma galera que acompanhou o mesmo no Planet Hemp (que inclusive foi contemplado na apresentação, com uma parte de “Contexto”), mostrando a força e a influência de sua música.

O ótimo “Babylon By Gus Vol.1 – O Ano do Macaco” foi contemplado com seus hits. Músicas como “Como Eu te Quero”, “Perícia na Delícia” e a clássica “Babylon By Gus” estremeceram o Circo Voador, que reverenciou registros lançados há quinze anos atrás e continuam ainda sendo refereências. Após uma hora de show aproximadamente, o bis foi com músicas já apresentadas, mas não menos bem recebidas. O Circo Voador é a casa de Gustavo aqui no RJ, ele sabe bem disso e sabe também como se beneficiar disso, entregando shows nada menos que memoráveis no local.