Banda de um homem só, Panaviscope é o projeto musical do suíço Alex Duloz. Responsável pela composição, instrumentação e vocais, o artista também incorpora seu trabalho visual nos clipes de cada canção. Com um EP e três faixas lançadas através do selo independente How Bad Pretty Bad Rec., Panaviscope tem suas bases fixas na música eletrônica. Suas canções, porém, não hesitam em explorar diferentes sonoridades como uma espécie de indie rock eletrônico. De batidas mais destacadas e downtempo até melodias chiclete mais animadinhas, o projeto mantém sua essência sem perder uma originalidade muito especial.

Seus dois lançamentos mais recentes apresentam uma estética própria em relação aos outros. Enquanto o visual psicodélico e colorido em duplicidade predominava nos lançamentos do EP “Kiss Yourself to Death”, a visão de “Talking to Flowers” apresenta o mundo natural de uma forma menos abstrata. Florestas e cidades criam a ambientação para o personagem central, um cowboy gigante que passeia pela cidade e observa desastres, explosões e incêndios, além da constante chuva que castiga essa cidade-modelo no ano de 1969.

“Sham”: Realidade alterada

A produção predominantemente preto-e-branca abre a visão para “Sham”, lançada no mês passado. Com uma pegada mais noir, o vídeo segue o conceito das explosões e incêndios, além de mostrar inclusões inesperadas em cenas naturais ou cotidianas. Mas, dessa vez, uma cidade moderna, montanhas, fazendas eólicas e até um parque de diversões são palco para o fogo e a fumaça sobrenaturais. Além da mudança visual e de cenário, “Sham” também apresenta a falta de um personagem central acompanhando essas surpresas.

Na letra da canção, percebemos do que se trata: A música explora a diferença entre uma noção fixa de “realidade” e as projeções individuais de cada pessoa. Assim, enquanto o passarinho pousado em um fio poderia passar uma imagem de tranquilidade, a explosão ao fundo do animal leva desconforto e uma nova interpretação à cena. Dessa forma, uma água-viva voadora por vez, Panaviscope nos lembra de o quão variável é a noção de uma realidade natural, objetiva e comum.

Para quem curte: Franz Ferdinand, Keane, The Killers.