Quase dois anos depois, Céu desembarcou novamente com seu show “Tropix” no palco do Circo Voador no último sábado (08). Uma das mais cultuadas cantoras do Brasil na atualidade, a paulistana apresentou as canções de seu quarto álbum de estúdio, lançado em 2016, e, como não poderia deixar de ser, relembrou sucessos clássicos de seu repertório.

A noite começou com os efeitos eletrônicos da dançante “Rapsódia Brasilis” e, logo depois, Céu trouxe a indefectível atmosfera de “Perfume do Invisível”, seguida das certeiras “Arrastar-te-ei”, “Minhas Bics” e “A Nave Vai”, músicas que levantaram definitivamente o público.

Ainda se mantendo no clima de seu último disco, a cantora seguiu o show com a agradável “Etílica / Interlúdio”, balada que mantém a sonoridade eletrônica característica de “Tropix” e chega mesmo a lembrar passagens de Pink Floyd. Todavia, esse momento mais calmo da apresentação serviu apenas de introdução para Céu brindar a plateia com dois covers, a inesperada “Enjoy The Silence” do Depeche Mode, que combinou muito bem com sua voz, e a obrigatória “Chico Buarque Song”, releitura da banda paulista de pós-punk Fellini.

A parte final da performance contou ainda com a moderna “Amor Pixelado”, uma das mais queridas do público, e com a lenta “Camadas”, ambas também de “Tropix”, mas o destaque mesmo ficou com a já conhecida versão funkeada de “Cangote” e o baixo incisivo de “Grains de Beauté”, um dos pontos mais altos do show, além de, á claro, o hit “Malemolência”, a única trazida de seu disco de estreia.

Nesse momento da noite, Céu agradeceu efusivamente o público carioca, ao se dizer sempre muito bem recebida e acolhida no Rio de Janeiro, especialmente no Circo Voador, e finalizou com a fantástica “Varanda Suspensa”, dedicando a música “a todos os latino-americanos”.

Como ninguém ousou arredar pé da lona, a banda voltou ao palco e iniciou o bis com “Sangria”, um quase bolero de toque contemporâneo também da safra de seu lançamento mais recente, e ainda uma versão reggae de “Etílica / Interlúdio”. Finalmente, o ótimo espetáculo se encerrou com o groove de “Sonâmbulo”, que fez o público ir para casa lembrando que “é bom desconfiar dos bons elementos”.

“Tropix” é o resultado do amadurecimento musical de uma artista única e o desenvolvimento pleno de uma linguagem cada vez mais própria, que foi sendo burilada ao longo de anos de estrada e consolida Céu como uma das mais inovadoras cantoras e compositoras da cena brasileira no momento.

CÉU no Circo Voador
08 de dezembro de 2018

por Bruno Vigne